Confira os cinco maiores casos de corrupção do Brasil

No Dia Internacional de Combate à Corrupção, confira os maiores escândalos envolvendo desvio do dinheiro público

José Cruz/Agência Brasil

Sérgio Moro foi um dos principais rostos do combate à corrupção por conta da Operação Lava Jato
 

5 – Banco Marka

O caso teve início em janeiro de 1999, quando houve a maxidesvalorização do real. Os bancos Marka e FonteCindam, que haviam apostado na valorização da moeda nacional, com vários contratos em dólar, não tinham como cobrir o prejuízo. Sob o argumento de que a quebra desses bancos seria um risco sistêmico para o País, o Banco Central assumiu a posição dos dólares a preço abaixo do mercado. Para o Marka, a ajuda foi de cerca de R$ 1 bilhão; para o FonteCindam, de R$ 550 milhões, valores históricos.

O Banco Marka foi alvo de uma Comissão Pa8 aarlamentar de Inquérito, onde descobriu-se que o banqueiro Salvatore Cacciola possuía informações internas do Banco Central. Isso provocou a demissão de diretores da instituição. O presidente do Banco Central na época, Francisco Lopes, recebeu pena de dez anos de prisão e multa, já o banqueiro Salvatores foi condenado a 13 anos de prisão mais pagamento de multa por crimes como peculato. 

4- Máfia dos Vampiros da Saúde

Mais de R$ 2,3 bilhões teriam sido desviados do Ministério da Saúde, nos 14 anos de duração do esquema, que manipulava as compras mediante pagamento de propinas. O ministro da Saúde na época, Humberto Costa (PT), pediu a abertura de investigação sobre o fato e a Polícia Federal iniciou a Operação Vampiro em maio de 2004.

A operação ganhou esse nome porque o alvo principal da quadrilha era a compra dos hemoderivados. As fraudes teriam começado no Ministério da Saúde no início dos anos 90. O centro das fraudes era a Coordenadoria Geral de Recursos Logísticos. 

O então ministro Humberto Costa chegou a ser denunciado pela Procuradoria da República no Distrito Federal por envolvimento na máfia dos vampiros, mas depois foi inocentado.

3- Operação Zelotes

Em março de 2015, a Polícia Federal deflagrou a Operação Zelotes para desarticular organizaç� �es criminosas que atuavam junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF).

Por meio de lobistas, empresários de renomadas empresas, como Bradesco, Gerdau, Santander e o Banco Safra, pagavam propinas para anular multas aplicadas pela Receita Federal. 

O grupo se utilizava de empresas interpostas para dissimular suas ações e o fluxo do dinheiro, que era lavado, retornava como patrimônio aparentemente lícito para estas empresas. Na época, a PF apontou desvios de R$ 19 milhões. 

O ex-presidente Lula (PT) chegou a ser indiciado, mas foi absolvido pelo juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal de Brasília. O caso ainda segue sendo investigado pela Polícia Federal

2- Banco Banestado

Por meio do Banco Banestado as pessoas enviavam dinheiro ilegal para os paraísos fiscais do exterior. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado foi instalada em 18 de julho de 2003 para investigar a remessa ilegal de dólares.

Conforme investigação dapor crime contra o sistema financeiro, sonegação de impostos, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção ativa.

1- Lava Jato

A Operação Lava Jato, uma das maiores iniciativas de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história recente do Brasil, teve início em março de 2014. Na época, quatro organizações criminosas que teriam a participação de agentes públicos, empresários e doleiros passaram a ser investigadas perante a Justiça Federal em Curitiba. A operação apontou irregularidades na Petrobras, maior estatal do país, e contratos vultosos, como o da construção da usina nuclear Angra 3. 

Até o início desse ano, só a Petrobras recuperou R$ 5,3 bilhões do total desviado pela rede de corrupção que adulterou as suas licitações por mais de uma década, causando um prejuízo de R$ 88 bilhões só para a estatal.

Vários políticos e donos de empreiteiras foram indiciados e presos pela Operação Lava Jato, que atualmente foi desmontada.

Após mais de seis anos de funcionamento ininterrupto, período em que as designações para atuação conjunta foram prorrogadas, em 2021 o trabalho foi incorporado pelos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos).

Fortalecimento do combate à corrupção

O Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que a indução à melhoria nos processos internos dos órgãos públicos, por meio de fiscalizações, impacta positivamente a prevenção à corrupção ao reforçar as linhas de defesa das instituições. E mesmo a expectativa de controle gerada pela atuação do Tribunal ajuda a coibir eventuais malfeitos.

Nos últimos anos, o TCU aprimorou as ferramentas utilizadas no combate a esse mal que assola o País e prejudica o bem-estar dos brasileiros. O Tribunal passou a incorporar a detecção de fraude e corrupção nas rotinas de auditoria; aumentou o esforço de auditoria em processos com indícios de corrupção; e intensificou a cooperação com órgãos da rede de controle, como Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério da Transparência, Advocacia-geral da União, entre outros.

Para sistematizar esta atuação, em janeiro de 2016 foi criada a Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura (SeinfraOperações), para atuar em fiscalizações na área de infraestrutura que tenham objeto conexo à Operação Lava Jato ou a outras operações que exijam intercâmbio com instituições de controle. 

Em 2017, o TCU passa a contar com uma secretaria específica para o combate à fraude e corrupção, a Secretaria de Relações Institucionais de Controle no Combate à Fraude e Corrupção (Seccor), que tem como responsabilidade a articulação com os demais órgãos da rede de controle, além de sistematizar e articular a atuação do Tribunal no combate à fraude e corrupção.

Escutas revelam negociações de esquema de corrupção contra Receita

 

Conselheiros e ex-conselheiros manipulavam julgamentos de empresas multadas. Investigadores negociam delação premiada de integrantes.

Novas escutas revelam as negociações de conselheiros e ex-conselheiros para manipular julgamentos de empresas multadas pela Receita Federal. Os investigadores negociam, agora, a delação premiada de dois integrantes do esquema de corrupção. Um conselheiro e um ex-conselheiro já manifestaram a intenção de colaborar com a Justiça em troca de redução de pena.

Novas escutas revelam negociações para suspender um julgamento no Carf, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que é a última instância administrativa para recorrer de cobranças da Receita Federal.

Investigadores negociam duas delações premiadas na Operação Zelotes. O conselheiro Paulo Roberto Cortez e o ex-conselheiro Jorge Victor Rodrigues já manifestaram a intenção de colaborar em troca de uma possível redução de pena, se forem condenados. O acordo ainda não foi assinado porque as partes estão discutindo os termos da delação.

Segundo as investigações, mediante pagamento de propina, conselheiros e ex-conselheiros vendiam decisões favoráveis a empresas no Carf – o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda. São recursos de empresas multadas pela Receita. O prejuízo é de mais de R$ 5 bilhões, e pode chegar a R$ 19 bilhões.

Novas escutas revelam essas negociações. Em julho do ano passado, o conselheiro Paulo Roberto Cortez fez acusações contra um dos principais investigados na Operação Zelotes: José Ricardo da Silva, ex-conselheiro.

Paulo Roberto Cortez: O cara fez tudo que foi falcatrua lá no Carf. Vendia decisões e tudo. Eu estou pensando em fazer uma denúncia formal, formal contra ele.
Mulher não identificada: Se você fizer isso agora ele vai alegar, vai alegar outras coisas contra você.

Em outro diálogo gravado com autorização da Justiça, foi flagrada a negociação para suspender um julgamento no Carf. A conversa é entre o ex-presidente do conselho, Edison Pereira Rodrigues, e o advogado Tharyk Jaccoud Paixão.

Edison: Uma vista?
Tharyk: É.
Edison: Olha, é muito em cima. Eu posso dar uma tentada, viu?
Tharyk: É, eu sei, mas aí me fala o que precisar, tá?
Edison: Tá. Tá bom.

Edison tentava vender um pedido de vista, segundo a polícia. No mesmo dia, ele mandou um e-mail para a filha, Meigan Sack Rodrigues, atual conselheira. “Precisamos de uma vista desse processo, podemos pedir R$ 20 mil por este trabalho”.

De acordo com as investigações, o pagamento só não foi concretizado porque, segundo o advogado Tharyk Jaccoud Paixão, uma das pessoas que bancaria o custo não pôde ser encontrada.

O Ministério Público Federal criou uma força-tarefa com quatro procuradores para as investigações da Operação Zelotes. Na Polícia Federal, são quatro delegados. E a Corregedoria da Receita Federal também tem um grupo de trabalho para analisar os processos em que pode ter havido manipulação de resultados.

Outra investigação já está em andamento no Ministério da Fazenda. Após a análise dos documentos, a Corregedoria-Geral vai instaurar os processos disciplinares contra servidores e conselheiros envolvidos.