Justiça realiza primeira audiência do caso de agressão ao ator Victor Meyniel nesta terça-feira

Sessão vai acontecer por videochamada. Victor e o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre – que é réu no caso por lesão corporal e injúria por homofobia – devem ficar frente a frente.

A 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro realiza, nesta terça-feira (7), a primeira audiência do caso de agressão ao ator Victor Meyniel. A sessão vai acontecer por videochamada.

Victor e o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre – que é réu no caso por lesão corporal e injúria por homofobia – devem ficar frente a frente.

Entre as testemunhas programadas para o primeiro dia de audiência estão o porteiro Gilmar José Agostini, Karina de Assis Carvalho, amiga de Yuri, Marcos de Carvalho Abrantes, síndico do prédio, além dos PMs Felipe Bento Pereira e Fabiano Velasco Valadão, no 19ºBPM (Copacabana).

Situação do porteiro
No dia 17 do mês passado aconteceu a chamada transação penal do porteiro Gilmar. Ele foi indiciado por omissão de socorro por não ter feito nenhum tipo de intervenção ou chamado socorro imediato no momento em que Meyniel era agredido.

Por se tratar de uma infração menor — não aplicável em omissões que resultem em morte —, o Ministério Público ofereceu o benefício da transação, que foi aceito pela Justiça.

A transação penal é um tipo de acordo proposto pelo MP em que um indiciado concorda com a aplicação de uma pena restritiva de direito ou de uma multa e, em troca, tem o processo extinto.

Ficou decidido no julgamento que Gilmar vai ter que pagar o valor de R$ 1.320 em quatro parcelas mensais, iguais e sucessivas de R$ 330 ao Inca.

O caso
A agressão aconteceu no dia 2 de setembro, em um prédio em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Após um econtro amoroso entre Victor Meyniel e Yuri, no apartamento do estudantes, os dois discutiram e a ação terminou com as agressões.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, além de espancar Victor Meyniel, Yuri o ofendeu utilizando-se de expressões homofóbicas.

Justiça marca primeira audiência do caso de agressão ao ator Victor Meyniel

No dia 7 de novembro, o artista e o estudante Yuri Moura Alexandre – que o agrediu e virou réu por três crimes – , deverão ficar frente a frente.

A 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro marcou para o dia 7 de novembro a primeira audiência do caso de agressão ao ator Victor Meyniel.

Na data, Victor e o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre – que é réu no caso por lesão corporal e injúria por homofobia – deverão ficar frente a frente.

Yuri e as testemunhas do caso já estão sendo convocadas para a audiência. O estudante de medicina segue preso preventivamente no Presídio Evaristo de Moraes.

Situação do porteiro também será analisada
No dia 7 de novembro acontece também a chamada transação penal do porteiro Gilmar José Agostini. Ele foi indiciado por omissão de socorro por não ter feito nenhum tipo de intervenção ou chamado socorro imediato no momento em que Meyniel era agredido.

Por se tratar de uma infração menor — não aplicável em omissões que resultem em morte —, o Ministério Público ofereceu o benefício da transação, que foi aceito pela Justiça.

A transação penal é um tipo de acordo proposto pelo MP em que um indiciado concorda com a aplicação de uma pena restritiva de direito ou de uma multa e, em troca, tem o processo extinto.

O caso
A agressão aconteceu no dia 2 de setembro, em um prédio em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Após um econtro amoroso entre Victor Meyniel e Yuri, no apartamento do estudantes, os dois discutiram e a ação terminou com as agressões.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, além de espancar Victor Meyniel, Yuri o ofendeu utilizando-se de expressões homofóbicas.

 

 

Ministério Público denuncia estudante de medicina que espancou ator Victor Meyniel no Rio

Yuri Moura Alexandre, que agrediu o ator no dia 2 de setembro na portaria de um prédio em Copacabana, foi denunciado por três crimes: lesão corporal, injúria por homofobia e falsa identidade.

O Ministério Público do Rio de Janeiro, junto à 27ª Vara Criminal da Capital denunciou, nesta terça-feira (12), o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre por lesão corporal e injúria por homofobia cometidos contra o ator Victor Meyniel.

O caso aconteceu no dia 2 de setembro, em um prédio em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro e, de acordo com a denúncia, além de espancar o ator, Yuri o ofendeu utilizando-se de expressões homofóbicas.

Yuri também foi indiciado por falsa identidade, ao se apresentar para policiais como médico da aeronáutica.

A denúncia
O documento encaminhado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro à 27ª Vara Criminal da Capital relata que o estudante de medicina encontrou a vítima em via pública, convidando-a a ir até sua residência. Chegando ao local, os dois começaram a beber e se relacionar de forma mais íntima.

Porém, com a chegada de uma outra pessoa com quem o acusado dividia o imóvel, este alterou seu comportamento, começando a gritar com a vítima e agir de forma agressiva, a empurrando com violência e a colocando para fora do apartamento.

Ao chegar à portaria do prédio, a vítima foi surpreendida com o acusado que lá se encontrava, continuando com suas atitudes agressivas. No momento em que Victor reclamou do comportamento do denunciado, lembrando que ambos haviam tido uma relação íntima há pouco tempo e expondo sua homossexualidade em público, Yuri começou a xingar a vítima com palavras homofóbicas e a agredi-la com diversos socos em seu rosto e cabeça.

Acionados por Victor, policiais militares conseguiram encontrar o acusado em seu apartamento após as agressões e, na oportunidade, Yuri apresentou um crachá do Hospital Central da Aeronáutica aos agentes da lei, se identificando como militar para tentar buscar um tratamento mais vantajoso por parte dos policiais.

Os crimes da denúncia são os mesmo que foram relatados no indiciamento da 12ª DP, em Copacabana, que investigou o caso.

A conclusão do inquérito e o indiciamento aconteceram no dia 8 de setembro, logo após o segundo depoimento de Victor Meyniel.

As informações foram dadas pelo delegado João Valetim Neto, da 12ª DP, que falou com a imprensa(veja no vídeo acima).

“A Polícia Civil encerrou as diligências e tudo que foi produzido desde o dia do flagrante foi encaminhado à Justiça. Enviamos ao MP que vai decidir se oferece denúncia pelas mesmas acusações. Chegamos a pensar que o depoimento da Karina Carvalho trazia novos fatos, mas eles não eram relevantes porque nada justificava aquela agressão”, disse o delegado (veja no vídeo acima).

O caso
Victor e Yuri se conheceram na noite de sexta-feira (1), em uma boate próxima do prédio onde Yuri mora. Os dois foram juntos até o apartamento do estudante. Eles se desentenderam no local e continuaram discutindo na portaria do prédio, quando Yuri agrediu Victor com uma sequência de socos no rosto.

O estudante foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva na última segunda-feira (4), durante a audiência de custódia.

Cronologia das agressões
Além dos depoimentos, a Polícia Civil também está analisando as imagens que mostram a movimentação completa na portaria do prédio em Copacabana, antes e depois das agressões.

A TV Globo teve acesso aos vídeos com toda movimentação na portaria. Veja detalhes da cronologia do caso.

Agressão ao ator Victor Meyniel: veja cronologia do caso

Após o início do desentendimento entre Victor e Yuri no interior do apartamento do estudante, os dois descem para o térreo em elevadores separados.

Quem é Victor Meyniel, ator agredido em Copacabana
Às 8h19, uma câmera do prédio registra o porteiro Gilmar José caminhando até um dos elevadores, com uma ferramenta para abrir a porta que parece estar emperrada.

Yuri, que desceu por outro elevador, aparece na imagem e fica perto da porta, observando o trabalho de Gilmar, que consegue abrir a porta às 8h20.

Victor sai do elevador e volta a discutir com Yuri, que não aparece nas imagens. O porteiro não interfere e volta para seu posto, na bancada da portaria.

Yuri reaparece na imagem e sai gesticulando pelo corredor. Os dois continuam discutindo e Yuri empurra Victor, que volta, pega seu tênis e também vai em direção à portaria do prédio. Nesse momento, Victor chega a se apoiar na bancada onde está o porteiro, que fala com os dois.

Às 8h24, as agressões começam. Victor sai e Yuri vai atrás. Outra câmera do prédio mostra o estudante dando socos na cabeça de Victor. Enquanto Victor é espancado, o porteiro observa, sem pedir ajuda.

O ator fica no chão e Yuri não aparece mais nas imagens. Pouco tempo depois, o porteiro levanta o ator e volta para o seu lugar. Victor disse que Gilmar o retirou do local dizendo que ele estava atrapalhando a passagem.

O porteiro foi autuado pela polícia por omissão de socorro.

Depoimentos na delegacia
Os investigadores já ouviram seis pessoas sobre o caso. A última testemunha a depor foi Karina de Assis Carvalho, mulher que divide o apartamento com Yuri e chegou no local quando os dois estavam juntos. Ela prestou depoimento nesta quarta-feira (6).

Entre as testemunhas, a polícia também já ouviu o síndico do prédio de Yuri. Marcos de Carvalho disse que, na manhã do último sábado, foi chamado pelo porteiro e desceu para ver o que estava acontecendo.

Ele contou que quando chegou na portaria viu a vítima com o rosto machucado. O síndico afirmou que não socorreu Victor, apenas sugeriu a ele que fosse à delegacia.

Sobre o porteiro, o síndico o descreveu Gilmar como uma pessoa que tem medo das coisas e que, por isso, acredita que ele não se meteu na briga.

Na última segunda-feira, os advogados de Yuri apresentaram a certidão de casamento dele com outro homem, para tentar provar que não houve homofobia no caso.

Contudo, segundo o juiz de plantão, o fato de Yuri ter se relacionado com outros homens não quer dizer que ele não possa ter sido homofóbico.

O estudante de medicina responde pelos crimes de lesão corporal, injuria por preconceito e falsidade ideológica. A última acusação se deve ao fato dele ter mentido para a polícia ao dizer que era médico da aeronáutica, o que foi negado pela Força Aérea Brasileira. Yuri segue em prisão preventiva no Complexo de Bangu.

 

Victor Meyniel é esperado para prestar depoimento nesta sexta-feira

Segundo a Polícia Civil, o depoimento do ator, que está marcado para às 14h, será o último passo da investigação, em que o caso é tratado como homofobia. Victor foi agredido por Yuri Alexandre, na portaria do prédio em Copacabana, na Zona Sul.

O ator Victor Meyniel, agredido em Copacabana, na Zona sul do Rio de Janeiro, no último sábado (2), é esperado para depor na 12ª DP (Copacabana), às 14h, nesta sexta-feira (8).

Esse será o segundo depoimento de Victor às autoridades. O testemunho do ator deve marcar o final das investigações do caso de agressão envolvendo o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, que responde pelos crimes de lesão corporal, injuria por preconceito e falsidade ideológica.

Os investigadores esperam que Victor conte com detalhes o que aconteceu no interior do apartamento de Yuri no dia das agressões.

Na última quarta-feira (6), Karina de Assis Carvalho, amiga de Yuri, afirmou que o ator tentou várias vezes voltar ao apartamento em que ela e o estudante moram e ameaçou Yuri depois de ter sido expulso do local. Karina disse que Victor foi expulso porque a estava importunando.

Victor e Yuri se conheceram na noite de sexta-feira (1), em uma boate próxima do prédio onde Yuri mora. Os dois foram juntos até o apartamento do estudante. Eles se desentenderam no local e continuaram discutindo na portaria do prédio, quando Yuri agrediu Victor com uma sequência de socos no rosto.

O estudante foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva na última segunda-feira (4), durante a audiência de custódia.

Cronologia das agressões
Além dos depoimentos, a Polícia Civil também está analisando as imagens que mostram a movimentação completa na portaria do prédio em Copacabana, antes e depois das agressões.

A TV Globo teve acesso aos vídeos com toda movimentação na portaria. Veja detalhes da cronologia do caso.

Após o início do desentendimento entre Victor e Yuri no interior do apartamento do estudante, os dois descem para o térreo em elevadores separados.

Quem é Victor Meyniel, ator agredido em Copacabana
Às 8h19, uma câmera do prédio registra o porteiro Gilmar José caminhando até um dos elevadores, com uma ferramenta para abrir a porta que parece estar emperrada.

Yuri, que desceu por outro elevador, aparece na imagem e fica perto da porta, observando o trabalho de Gilmar, que consegue abrir a porta às 8h20.

Victor sai do elevador e volta a discutir com Yuri, que não aparece nas imagens. O porteiro não interfere e volta para seu posto, na bancada da portaria.

Yuri reaparece na imagem e sai gesticulando pelo corredor. Os dois continuam discutindo e Yuri empurra Victor, que volta, pega seu tênis e também vai em direção à portaria do prédio. Nesse momento, Victor chega a se apoiar na bancada onde está o porteiro, que fala com os dois.

Às 8h24, as agressões começam. Victor sai e Yuri vai atrás. Outra câmera do prédio mostra o estudante dando socos na cabeça de Victor. Enquanto Victor é espancado, o porteiro observa, sem pedir ajuda.

O ator fica no chão e Yuri não aparece mais nas imagens. Pouco tempo depois, o porteiro levanta o ator e volta para o seu lugar. Victor disse que Gilmar o retirou do local dizendo que ele estava atrapalhando a passagem.

O porteiro foi autuado pela polícia por omissão de socorro.

Depoimentos na delegacia
Os investigadores já ouviram seis pessoas sobre o caso. A última testemunha a depor foi Karina de Assis Carvalho, mulher que divide o apartamento com Yuri e chegou no local quando os dois estavam juntos. Ela prestou depoimento nesta quarta-feira (6).

Entre as testemunhas, a polícia também já ouviu o síndico do prédio de Yuri. Marcos de Carvalho disse que, na manhã do último sábado, foi chamado pelo porteiro e desceu para ver o que estava acontecendo.

Ele contou que quando chegou na portaria viu a vítima com o rosto machucado. O síndico afirmou que não socorreu Victor, apenas sugeriu a ele que fosse à delegacia.

Sobre o porteiro, o síndico o descreveu Gilmar como uma pessoa que tem medo das coisas e que, por isso, acredita que ele não se meteu na briga.

Na última segunda-feira, os advogados de Yuri apresentaram a certidão de casamento dele com outro homem, para tentar provar que não houve homofobia no caso.

Contudo, segundo o juiz de plantão, o fato de Yuri ter se relacionado com outros homens não quer dizer que ele não possa ter sido homofóbico.

O estudante de medicina responde pelos crimes de lesão corporal, injuria por preconceito e falsidade ideológica. A última acusação se deve ao fato dele ter mentido para a polícia ao dizer que era médico da aeronáutica, o que foi negado pela Força Aérea Brasileira. Yuri segue em prisão preventiva no Complexo de Bangu.

Omissão de socorro: entenda o crime pelo qual foi autuado porteiro que viu agressões ao ator Victor Meyniel

Criminalistas explicam em que circunstâncias uma pessoa pode ser acusada e como ela deve agir para ajudar alguém em perigo sem se arriscar.

O caso do ator Victor Meyniel, agredido por um homem que havia conhecido em uma boate, trouxe à tona o crime de omissão de socorro.

Após analisar as câmeras de segurança, que registraram as agressões na portaria de um prédio, a delegada Débora Rodrigues, da 12ª DP, em Copacabana, autuou o porteiro pelo crime.

Isso porque o funcionário, Gilmar José Agostini, aparece vendo o espancamento, sentado em seu lugar, sem interferir ou pedir ajuda.

A cena provocou debates. Quais as obrigações de uma pessoa que vê alguém ser espancado? Há obrigação de se correr algum risco para defender alguém? Como agir sem se colocar em perigo?

O g1 consultou advogados criminalistas para saber o que é o crime de omissão de socorro e o que é possível fazer nessa situação.

O que é a omissão de socorro?
O crime consta no artigo 135 do Código Penal: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”

O criminalista e professor da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj) Vitor Codeço Martins, explica que, nesses casos, o cidadão tem a obrigação legal de prestar socorro diretamente ou, não podendo, deve chamar auxílio de alguém que possa prestar.

“Pode ser uma outra pessoa ou alguma autoridade. O que não pode é ficar inerte diante da situação”, explica.
Caso contrário, comete o crime de omissão de socorro, cuja pena é de um a seis meses de detenção ou multa. No caso de a consequência da omissão resultar em lesão grave, a pena será duplicada e, caso resulte em morte, triplicada.

Tenho que me meter na briga ou me arriscar por alguém?
Não. Segundo o advogado criminalista e professor de direito penal da PUC-Rio André Perecmanis, todo cidadão tem obrigação de socorrer, desde que o socorro não o coloque em risco. A obrigação não se sobrepõe à própria segurança.

“Não precisa entrar na briga de ninguém. Basta sair de perto, gritar por socorro, chamar a polícia, gritar para os vizinhos. Qualquer coisa, desde que fique evidenciado que você não esteja se colocando em risco”, ressalta.
A justificativa do porteiro, de que não queria ‘se meter’, é válida?
A polícia ainda precisa concluir o inquérito, que será enviado ao Ministério Público e, caso denunciado, o porteiro ainda poderá se defender na Justiça. Porém, para o criminalista e professor de direito Penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Thiago Bottino, a postura do porteiro pode, sim, ser considerada omissão de socorro.

“Comete crime quem escolhe deliberadamente não agir. A pessoa pode até não se sentir apta a agir, mas tem a obrigação de pedir socorro. Se não socorre, nem pede socorro, comete crime.”
Além de casos de agressão, quais outros exemplos de omissão?
Comete o crime de omissão de socorro ainda quem se omite de ajudar (de alguma forma):

criança abandonada ou extraviada;
pessoa inválida ou ferida ao desamparo ou em grave e iminente perigo – caso, por exemplo, de acidentes de trânsito.
O caso
No sábado (2), o ator Victor Meyniel foi espancado, em um prédio em Copacabana. A polícia foi chamada, e Yuri de Moura Alexandre, autor das agressões, foi preso.

O porteiro Gilmar José Agostini aparece na câmera de segurança sentado e tomando um copo de café enquanto Yuri de Moura Alexandre dava uma longa sequência de socos em Meyniel. Ele foi autuado por omissão de socorro pela delegada Débora Rodrigues, titular da 12ª DP (Copacabana).

“Ele viu tudo e não fez nada. Ele não precisava se meter na briga, claro, pela integridade física dele, mas ele tinha o dever de pedir socorro”, destacou.
 

Defesa de agressor de Victor Meyniel apresentou certidão de casamento com outro homem para tentar soltá-lo

Antes de ser preso, Yuri de Moura Alexandre teria dito a policiais militares do 19º BPM (Copacabana) que espancou ator porque ele teria “desrespeitado” sua esposa e que eles teriam se conhecido em uma ‘baladinha’.

Nesta segunda-feira (4), durante a audiência de custódia que manteve preso o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, de 29, filmado espancando o ator e influencer Victor Meyniel, de 26 anos, a defesa de Yuri chegou a apresentar uma certidão de casamento com um outro homem alegando que ele já havia tido um relacionamento homoafetivo.

Naquele momento, a tentativa dos advogados Juliana Viana Zaxhm e Lucas Ferreira Oliveira era de que o agressor respondesse ao crime em liberdade — o que foi negado pelo juiz Bruno Rodrigues Pinto, da Central de Custódia.

“Importante registrar que, embora o custodiado [Yuri] já tenha sido casado com um outro homem e possua interesse em pessoas do mesmo sexo, tais fatos não impedem que ele tenha praticado o delito de lesão contra a vítima e a injuriado por homofobia”, escreveu o magistrado.

O g1 teve acesso à certidão de casamento de Yuri.

O casamento com um agente comercial que hoje tem 38 anos aconteceu no dia 5 de março de 2020 em um cartório de Araruama, na Região dos Lagos, em comunhão parcial de bens.

Relato a PMs
Em depoimento à 12ª DP (Copacabana), o soldado Felipe Bento Pereira e o sargento Fabiano Velasco Valadão, lotados no 19º BPM (Copacabana), contaram que questionaram Yuri sobre o motivo do espancamento.

O agressor teria dito que o ator “teria desrespeitado sua esposa”. Ainda de acordo com os agentes que atenderam à ocorrência, o universitário teria contado que conheceu Victor numa “baladinha”.

Aos PMs que foram ao prédio prendê-lo e prestar socorro a Victor, Yuri se identificou como militar, apresentando um crachá do Hospital Central da Aeronáutica. Na delegacia, ficou comprovado que o agressor mentiu.

Ele não era nem militar nem médico. Os investigadores descobriram que ele é estudante de medicina. Por isso, além dos crimes de lesão corporal e injúria por preconceito, Yuri irá responder por falsidade ideológica.

O g1 entrou em contato com a defesa de Yuri. No entanto, não obteve retorno.

 

Porteiro diz que Victor Meyniel ‘chegou a desmaiar’ com ‘vários socos no rosto’

O ator agradeceu as mensagens de apoio e afirmou que nenhum envolvido ficará impune: ‘A justiça será feita’.

Em depoimento à polícia, o porteiro do prédio onde Victor Meyniel foi espancado, em Copacabana, no último sábado (2), disse que o ator “chegou a desmaiar” ao levar, já caído no chão, “vários socos no rosto”.

Gilmar José Agostini foi autuado por omissão de socorro. Imagens do crime (relembre acima) mostram o funcionário sentado e até tomando um copo de café enquanto Yuri de Moura Alexandre espancava Victor Meyniel — Yuri foi preso em flagrante pouco depois da agressão.

Ainda segundo Gilmar, “após dar vários socos em Victor, Yuri saiu do edifício e foi para a academia”, deixando a vítima “no chão, sem socorro”, e que “após alguns minutos resolveu prestar socorro a Victor”, interfonando ao síndico, que chamou a PM.

Recuperação
Meyniel se pronunciou nas redes sociais sobre as agressões que sofreu e disse que ainda está se recuperando dos ferimentos.

“A justiça está sendo feita, nada sairá impune”, afirmou Meyniel.
O ator agradeceu as mensagens de apoio e afirmou que está se recuperando “na medida do possível”. Victor fez aniversário no domingo (3), um dia após as agressões.

“Queria agradecer todas as mensagens que tenho recebido de carinho e apoio nesse momento e dizer que está tudo bem na medida do possível, me recuperando fisicamente e emocionalmente com uma rede de apoio infinita. Ontem foi um dia de um novo ciclo pra mim e aproveitei para me cercar de pessoas queridas e de muito amor!”, disse o ator.

A agressão aconteceu por volta das 8h de sábado. Victor saiu da casa noturna Fosfobox, em Copacabana, e foi para o apartamento de Yuri de Moura Alexandre, que tinha conhecido na boate.

Victor diz que, já no apartamento, o comportamento de Yuri mudou depois que uma amiga dele chegou.

“Parece que virou uma chave, me botou para fora, me empurrou. E aí nisso que ele me empurrou, como eu estava sem sapato, porque eu tirei para ficar no sofá, eu estava no chão, ele me empurrou, foi e tacou o sapato [em mim]”, contou.

As agressões foram registradas pelas câmeras de segurança. Imagens mostram o funcionário Gilmar José Agostini sentado e até tomando um copo de café enquanto Yuri dava uma sequência de socos em Meyniel — Yuri foi preso em flagrante pouco depois da agressão.

Os advogados de Meyniel foram até a delegacia na manhã desta segunda (4) pedir que imagens de câmeras de segurança de outros pontos do edifício e do prédio sejam recolhidas pelos agentes.

A delegada Débora Rodrigues, titular da 12ª DP (Copacabana), afirmou que Gilmar não a tratou bem.

“Ao chegarmos ao prédio, ele já foi nos atendendo muito mal, falando que não viu nada, que não sabia de nada e que não ia se meter. Ele interfonou para o síndico, dizendo que ‘uma mulher estava lá fora’, mas não era nenhuma mulher, eram duas autoridades devidamente identificadas’, contou a delegada, que estava acompanhada de uma oficial de cartório.

Gilmar, então, foi conduzido para a delegacia. “Sabíamos que tinha alguma coisa. Fomos ver as imagens e ficamos perplexas”, disse Débora.

“Ele viu tudo e não fez nada. Ele não precisava se meter na briga, claro, pela integridade física dele, mas ele tinha o dever de pedir socorro”, destacou.

Gilmar afirmou que interfonou para o síndico, mas a delegada afirmou que ele deveria ter saído e pedido ajuda.

‘Bati mesmo’

A delegada contou ainda que Yuri saiu para malhar logo após bater em Meyniel e foi preso em flagrante ao voltar da academia.

“Ele já chegou dizendo: ‘Não toca em mim! Eu sou militar, sou médico militar! E bati mesmo. Assumo que bati. Qual é o problema?’”, contou a delegada.

“Ele não é militar”, acrescentou a delegada. “Ele mentiu. Ele não é médico ainda, é estudante.”

Segundo Débora, Yuri vai responder por lesão corporal, falsidade ideológica e injúria por homofobia.

A Força Aérea Brasileira disse que não consta nenhum registro que Yuri tenha sido militar da instituição.