Suspeito de dar cabeçada e socos em nutricionista em rua em SP é identificado pela polícia e diz que vídeo é montagem

Câmeras de segurança registraram a agressão em São Caetano do Sul, no ABC Paulista; Polícia Civil analisou imagens para tentar identificar o agressor. Vítima voltava dirigindo de um aniversário quando se distraiu e bateu na guia da calçada.

A Polícia Civil de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, identificou um homem suspeito de fraturar o nariz e causar afundamento da face de uma nutricionista de 25 anos na noite de 23 de julho.

Depois de buscas e denúncias anônimas, os policiais da Delegacia de Defesa da Mulher e da Delegacia Sede de São Caetano do Sul chegaram ao homem foi levado para prestar depoimento. Ele afirmou ser a pessoa do vídeo, mas informou à polícia se tratar de uma montagem.

A vítima foi chamada à delegacia para fazer o reconhecimento, mas não teve certeza sobre o suspeito. O caso foi apurado pelos delegados Daniela Del Nero e Marcelo Ferrari.

Foram colhidas declarações do autor e pedido exame de corpo de delito cautelar. O inquérito foi encaminhado ao Fórum e será analisado pelo Ministério Público e a Justiça. A defesa foi procurada pelo g1, mas não encaminhou resposta até a última atualização desta reportagem.

Entenda o caso
Estela Frohlich Bonatto, de Santo André, voltava dirigindo do aniversário de uma amiga quando, em um momento de distração, bateu na guia de uma calçada e dois pneus do carro furaram.

“Eu dei uma vacilada no volante e peguei a guia. Todo mundo que dirige já pegou a guia alguma vez na vida. Só que tinha um senhor andando nessa calçada com o cachorro dele. Eu realmente só peguei a guia, não chegou nem perto dele. Ele pode ter se assustado, entendo, mas não tinha motivo para toda a revolta que ele estava sentindo e descontou em mim”, disse, em entrevista ao g1.

Depois dos pneus estourados, ela desceu do carro. Um homem que passeava com um cachorro se aproximou e passou a agredi-la (veja vídeo abaixo). Estela contou que não entrou em contato com o suspeito, mas que, ao descer do carro, foi logo recebida por uma cabeçada e um soco no rosto.

“Jamais ia imaginar que esse cara viria até mim fazer alguma coisa. Eu estava olhando o pneu para ver o que tinha acontecido, porque rasgou o pneu da frente. Eu peguei o celular pra tentar ligar para minha irmã e contar o que aconteceu, porque o carro era dela. [O homem] virou a esquina e já veio me xingando. Sei que me chamou de vagabunda e me acusou de quase ter atropelado ele.”

Câmeras de segurança registraram o momento da agressão. Depois de ela estacionar, o homem aparece caminhando, há uma discussão breve, e ele dá uma cabeçada no rosto dela, que tenta revidar.

“Perguntei: ‘O que que eu te fiz? Você está aí inteiro. Eu te machuquei? Você está machucado? Aconteceu alguma coisa? Eu não te fiz nada’. Me aproximo dele. É como se eu fosse peitar ele. Mas eu não encostei nele em nenhum momento, até ele me agredir”, diz a nutricionista, que estava sozinha.

Outro motorista parou o carro no meio da confusão e mais pessoas apareceram, e o homem deixou o local com o cachorro.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fez o atendimento da nutricionista, e ela foi encaminhada para um hospital particular.

Estela passou por uma cirurgia. Teve o nariz quebrado em várias partes, além de afundamento do seio da face.

Ela teve alta em 24 de julho e vai se recuperar em casa.

“Eu estou um pouco incrédula ainda com tudo o que aconteceu, porque eu até tento e não consigo achar uma justificativa. Mas é uma sensação de impotência. Acabou comigo. Ele acabou com a minha fisionomia. Eu estou morrendo de dor, tomando remédio e nada melhora.”

Após cinco adiamentos, Justiça marca para esta segunda júri de 5 acusados de roubar, matar e queimar família no ABC em 2020

Filha das vítimas e então namorada dela, mais dois irmãos e vizinho deles são acusados de matar casal e filho. Réus respondem presos pelos crimes. Empresários Romuyuki e Flaviana e filho Juan, de 15 anos, foram mortos em Santo André.

A Justiça marcou para esta segunda-feira (12) o início do julgamento dos cinco acusados de roubar, matar e queimar uma família em janeiro de 2020 no ABC Paulista. Esta será a sexta tentativa de se fazer o júri popular dos réus. Nas outras cinco vezes anteriores ele foi adiado por diversos motivos (saiba mais abaixo).

O julgamento está marcado para começar às 10h no Fórum de Santo André, na região metropolitana de São Paulo. Todos os acusados respondem presos pelos assassinatos do casal de empresários Romuyuki Veras Gonçalves, de 43 anos, e Flaviana de Meneses Gonçalves, de 40, e do filho deles, o estudante Juan Victor Gonçalves, de 15. A expectativa de suas defesas é a de que o júri possa durar até quatro dias.

O caso repercutiu à época na imprensa. A filha das vítimas e sua namorada naquela ocasião estão envolvidas nos crimes, segundo a acusação feita pelo Ministério Público (MP). Além delas, mais três homens são acusados.

Estão detidos preventivamente nas penitenciárias de Tremembé, no interior paulista: a filha do casal e irmã do garoto, Anaflávia Martins Gonçalves, e a então namorada dela, Carina Ramos de Abreu. Também continuam presos na mesma cidade os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, que são primos de Carina. O quinto preso é Guilherme Ramos da Silva, vizinho dos irmãos Ramos, detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na capital paulista.

Vídeos de câmeras de segurança gravaram os cinco réus entrando e saindo da residência onde as três vítimas moravam, num condomínio fechado de casas em Santo André. O casal e o filho foram mortos no local em 27 de janeiro de 2020. Acabaram assassinados com golpes na cabeça durante um assalto na residência deles.

Os corpos só foram encontrados no dia seguinte, em 28 de janeiro daquele ano. Estavam carbonizados, dentro do carro família, numa área de mata em São Bernardo do Campo, município vizinho a Santo André.

Todos os cinco acusados respondem por roubo, homicídio doloso qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou as defesas das vítimas), ocultação de cadáver e associação criminosa.

5 adiamentos anteriores

Os cinco adiamentos anteriores do júri em ordem cronológica ocorreram em:

21 de fevereiro de 2022, quando a Justiça adiou o julgamento porque uma das testemunhas faltou;
Depois o júri foi reagendado para 13 de junho de 2022, mas sofreu novo adiamento por causa da ausência de outras testemunha;
A pedido das defesas de Anaflávia e Carina, o processo foi desmembrado pela Justiça. As ex-namoradas seriam julgadas em 19 de setembro de 2022. E Juliano, Jonathan e Guilherme, em 21 de novembro de 2022. Mas nenhum dos dois julgamentos ocorreram.
Com o processo desmembrado, Carina, Juliano, Jonathan e Guilherme seriam julgados em 6 de março de 2023. E Anaflávia seria julgada sozinha em 12 de junho deste ano. Mas o magistrado Lucas Tambor Bueno decidiu unificar o processo novamente e julgar todos os cinco acusados num júri só, marcado para esta segunda.

Caberá ao magistrado dar a sentença após a votação dos jurados. Sete pessoas serão escolhidas pela acusação e pela defesa para compor o júri. Elas votarão ao final se absolvem ou condenam os réus ou parte deles. Se houver condenação, o juiz também aplicará as eventuais penas pelos crimes.

Os crimes

Segundo a acusação feita pelo Ministério Público, três homens armados (Juliano, Jonathan e Guilherme) entraram no imóvel com a ajuda de Anaflávia e Carina. Os cinco queriam roubar R$ 85 mil que estariam num cofre, mas como não encontraram o dinheiro, decidiram levar pertences das vítimas e matá-las.

“As rés Ana Flávia e Carina agiram por cobiça, pretendendo alcançar o patrimônio das vítimas. Quanto aos acusados Jonathan, Juliano e Guilherme, a prova oral indica que agiram mediante promessa de recompensa”, escreveu o juiz Lucas na decisão de 2021, que levou os acusados a júri.

Os cinco réus foram presos durante as investigações da Polícia Civil. Câmeras de segurança gravaram a entrada da quadrilha na residência das vítimas (veja acima).

Além disso, os investigados confessaram envolvimento no assalto e acabaram indiciados por quatro crimes: roubo, assassinato, ocultação de cadáver e associação criminosa. No entanto, em relatos durante a reconstituição do caso, eles divergiram sobre quem matou a família e colocou fogo no carro.

Anaflávia e Carina acusam Juliano e Jonathan de matar a família e explodir o veículo em que as vítimas estavam.

Juliano e Jonathan, por sua vez, acusam a prima Carina de matar os empresários e o adolescente e, depois, queimá-los.