Prisão de líder do governo é segunda fase da Operação Politeia

Ação é conduzida pela força-tarefa da Lava-Jato que atua em Brasília, focada em investigados com foro privilegiado, e sem relação direta com as apurações que ocorrem em Curitiba

André Corrêa / Senado 

André Corrêa / Senado

As quatro prisões que incendiaram o cenário político brasileiro na manhã desta quarta-feira, com a detenção do líder do governo, senador Delcídio Amaral (PT), não são parte da força-tarefa da operação Lava-Jato que atua em Curitiba.

Na capital do Paraná, sob jurisdição do juiz Sergio Moro, tramitam apenas os processos e investigações referentes a pessoas sem foro privilegiado: em maioria, são grandes empresários, operadores financeiros e ex-dirigentes da Petrobras.

Como a prisão de Delcídio Amaral repercutiu no Planalto e no Congresso

Com a magnitude da Lava-Jato, um dos desmembramentos da operação remeteu para Brasília investigações atreladas a políticos que teriam participado do esquema de desvio de verbas bilionárias da Petrobras.

Na capital federal, há uma outra força-tarefa da Polícia Federal e do Ministério Público Federal atuando. Os investigadores, quando pretendem fazer denúncia, se reportam ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Este, por sua vez, faz os encaminhamentos de pedidos de prisão ou busca para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Delcídio ofereceu R$ 50 mil mensais para Cerveró não participar de delação premiada, diz PGR

Foi o que ocorreu na manhã desta quarta-feira: o MPF descobriu que o senador Delcídio Amaral tentava obstruir investigações, com destruição de provas e oferta de mesada para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fazer delação premiada, expediente em que ele poderia contar o que sabe, incluindo os supostos benefícios indevidos obtidos por Delcídio na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras.

Ao reunir provas da tentativa de obstrução, o MPF as entregou a Janot, que elaborou os pedidos de prisão, aceitos pelo STF.

Filho de Cerveró acertou gravação com Procuradoria-Geral da República (PGR)

Além de Delcídio, também foram presos o seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e o advogado do senador, Edson Ribeiro, além do banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual. Eles ficarão em Brasília, mesmo sem foro privilegiado, por terem se envolvido em um episódio com um senador, que detém a prerrogativa de somente ser investigado no âmbito do STF.

A força-tarefa de Brasília define a ação desta quarta-feira como a segunda fase da Operação Politeia, iniciativa ostensiva contra políticos investigados no STF.

Planalto e PT já discutem novo nome para liderança do governo

Na primeira etapa da Politeia, em 14 de julho, foram cumpridos 53 mandados. Agentes da PF foram às residências do senador Fernando Collor (PTB-AL) em Brasília e Maceió, onde foram apreendidos uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini.

Também ocorreram buscas nas moradias dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra (PSB-PE), do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), dos ex-ministros Mário Negromonte (PP-BA) e do ex-deputado João Pizzolati (PP).

Ex-vereador de São Paulo é preso na 18ª fase da Lava Jato

A operação ‘Pixuleco II’ mobilizou cerca de 70 policiais e cumpre um mandado de prisão temporária e 10 de busca e apreensão em quatro estados do país.

Curitiba – A Polícia Federal cumpre desde o início da manhã de hoje (13) um mandado de prisão temporária e dez de busca e apreensão na 18ª fase da Operação Lava Jato, denominada Pixuleco II, termo usado em alusão ao recebimento de propina por investigados na operação. Os mandados estão sendo cumpridos em Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba.

O mandado de prisão temporária é contra o advogado e ex-vereador do PT em Americana (SP) Alexandre Oliveira Correa Romano. O ex-vereador já foi detido e será levado para a Superintendência da PF, em Curitiba.

De acordo com a Polícia Federal, o foco dessa nova fase da Lava Jato é o cumprimento de medidas cautelares contra um operador, identificado após a 17ª fase da operação, em que foi preso o ex-ministro José Dirceu.Segundo investigações, esse operador, seria responsável por arrecadar “valores ilícitos” de mais de R$ 50 milhões em contratos de crédito consignado no Ministério do Planejamento.

Segundo a PF, pessoas que operavam empresas de fachada confirmaram o recebimento de propina do operador.

Confusão entre público e privado

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou ontem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de confundir o público com o privado ao utilizar a Advocacia-Geral da União (AGU) para tentar anular provas recolhidas contra ele no sistema de informática do Congresso, durante as investigações do esquema de corrupção da Petrobras.

Segundo Janot, “sob o parco disfarce da defesa de prerrogativa institucional”, Cunha pediu que a AGU questionasse no Supremo Tribunal Federal (STF) ação de procuradores que copiaram material do sistema de informática da Câmara.

O procurador-geral encaminhou ontem ao Supremo a resposta ao pedido da Câmara por meio da AGU, para anular provas colhidas contra Cunha.