Ministério dos Direitos Humanos confirma que pagou despesas para que a esposa de chefe de facção criminosa participasse de evento

Pasta pagou passagens e diárias para todos os participantes, entre eles, estava Luciane Barbosa Farias, casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas.

O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania pagou as despesas para que a esposa de um chefe de facção criminosa participasse de um evento organizado pela pasta. A mesma pessoa já tinha visitado secretários do Ministério da Justiça, no início do ano.

O encontro de comitês e mecanismos de prevenção e combate à tortura ocorreu em Brasília, na segunda e na terça-feira da semana passada. O governo declarou que o evento tinha como propósito estabelecer diretrizes para a criação de sistemas estaduais de combate à tortura.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania pagou passagens e diárias para todos os participantes, entre eles, estava Luciane Barbosa Farias.

Luciane é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas. Os dois foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico de drogas e organização criminosa.

Clemilson é apontado como chefe de uma facção criminosa e cumpre pena de 31 anos num presídio do Amazonas. Luciane foi condenada a dez anos de prisão, mas recorre em liberdade.

A informação de que o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania custeou a viagem dela foi publicada nesta terça-feira (14) pelo jornal O Globo.

Nesta quarta-feira (15), numa rede social, o ministro Silvio Almeida disse que “Luciane Barbosa Farias participou do evento indicada como representante da sociedade civil pelo Comitê Estadual do Amazonas. Que nem ele, nem a secretária nem qualquer pessoa do Gabinete teve contato com a indicada ou mesmo interferiram na organização do evento, que contou com mais de 70 pessoas do Brasil todo e que os comitês estaduais – que integram o sistema nacional de prevenção e combate à tortura, criado por lei em 2013 – indicaram livremente seus representantes”.

O Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura é vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Amazonas.

Em nota, a secretaria de Justiça do estado afirmou que o comitê é formado por representantes de órgãos do governo estadual, defensoria pública do Amazonas, OAB e da sociedade civil. Que a indicação de Luciane Barbosa Farias, como membro do Comitê Estadual, foi feita pelo Instituto Liberdade do Amazonas. Luciane é presidente desse instituto.

Ainda segundo a Secretaria, quem indicou Luciane para participar do evento em Brasília foi a presidente interina do Comitê de Combate à Tortura, Natividade Magalhães Maia.

Essa não foi a primeira vinda de Luciane Farias à Brasília este ano. No dia 19 de março, ela esteve em audiências com Elias Vaz, secretário nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, e em 2 de maio, com Rafael Velasco Brandani, secretário nacional de Políticas Penais.

O nome de Luciane não consta das agendas oficiais, mas o Ministério da Justiça confirmou os encontros.

Numa rede social, na segunda-feira (13), o ministro Flavio Dino afirmou que “nunca recebeu, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho”.

O secretário Nacional de Assuntos Legislativos, Eliaz Vaz, assumiu a responsabilidade e disse que lamentava o episódio, disse que a ex-deputada estadual do PSOL, Janira Rocha, pediu a audiência e que ele não sabia quem eram os acompanhantes da ex-deputada. Janira afirma que não cometeu nenhuma irregularidade.

Em nota divulgada na segunda-feira, Luciane Farias negou ter relações com a facção criminosa. Hoje, não conseguimos contato nem com ela, nem com Natividade Magalhães Maia.

Visitas de esposa de chefe de facção criminosa a assessores do Ministério da Justiça provoca constrangimento em Brasília

Luciane Barbosa Farias é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, que está preso. Os dois foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico de drogas e organização criminosa. Luciane responde em liberdade.

A revelação de duas visitas a assessores do Ministério da Justiça pela esposa de um chefe de facção criminosa provocou constrangimento em Brasília.

A informação foi publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo o jornal, assessores do Ministério da Justiça receberam dentro do prédio do ministério, por duas vezes em 2023, uma integrante de uma facção criminosa. Luciane Barbosa Farias esteve em audiências com dois secretários e dois diretores do Ministério da Justiça em um período de três meses. O nome dela não consta das agendas oficiais.

O Ministério da Justiça confirmou os encontros. No dia 19 de março, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, e em 2 de maio com Rafael Velasco Brandani, secretário nacional de Políticas Penais.

Luciane é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas. Os dois foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico de drogas e organização criminosa. Clemilson é apontado como líder de facção criminosa e cumpre pena de 31 anos em um presídio do Amazonas. Luciane foi condenada a dez anos de prisão, mas recorre em liberdade.

A visita provocou críticas da oposição ao ministro da Justiça. Em uma rede social, Flávio Dino afirmou:

“Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho”, escreveu.
O secretário nacional de Assuntos Legislativos, Eliaz Vaz, afirmou que a responsabilidade foi dele. Ele disse que foi a ex-deputada estadual do PSOL pelo Rio de Janeiro Janira Rocha quem pediu a audiência e que não sabia quem eram os acompanhantes da ex-deputada.

“Se teve algum erro, esse erro foi de minha parte, por não ter às vezes feito uma verificação mais profunda das pessoas que ia receber. Eu não sabia que essa pessoa que veio aqui tinha qualquer relação com facção criminosa”, diz Eliaz Vaz.
No início da noite desta segunda-feira (13), o Ministério da Justiça publicou uma portaria com novas regras de acesso ao prédio. A partir de agora, quem quiser uma agenda no ministério terá que comunicar com 48 horas de antecedência o nome de todos os participantes e acompanhantes com CPF.

Luciane Barbosa Farias disse em nota que “não é faccionada de nenhuma organização criminosa”.

Jandira Rocha disse que não fez nada de irregular e que foi ao Ministério da Justiça para tratar de assuntos do sistema penitenciário.

O secretário nacional de Políticas Penais, Rafael Velasco Brandani, disse que atendeu a um pedido de Eliaz Vaz.