Operação Resta Um rastreia propina da Queiroz Galvão a PMDB de Rondônia

Repasse ao PMDB de Rondônia no valor de R$ 300 mil será investigado pela Lava Jato

Um repasse ao PMDB de Rondônia, no valor de R$ 300 mil, está na mira da Operação Resta Um, 33ª fase da Lava Jato. Essa transferência e outras sete fazem parte de uma mensagem destacada no pedido de prisão dos executivos ligados à empreiteira Queiroz Galvão feito pelo Ministério Público Federal.

Ao todo, a força-tarefa da Lava Jato separou três e-mails trocados entre o executivo Othon Zanóide Filho, ligado à Queiroz e capturado preventivamente nesta terça-feira, 2, e o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores mais emblemáticos do esquema de corrupção instalado na Petrobrás.”Os relatos de Alberto Youssef transcritos na representação policial salientam os seguintes fatos: 1) pagamento de propina pela Queiroz Galvão por intermédio de doações oficiais; esse fato envolvia principalmente o executivo Othon Zanóide, que já tinha o seu envolvimento com a prática reiterada de crimes relativos a Petrobras mencionado por Alberto Youssef no seu interrogatório judicial de outubro de 2014″, aponta o documento.

O pedido de prisão e buscas sustenta ainda. “Othon Zanóide de Moraes Filho, inclusive, trocou mensagens eletrônicas com Alberto Youssef (…) sobre as doações eleitorais em questão, tendo sido alvo de consideração específica a contribuição da Construtora Queiroz Galvão S/A para o diretório nacional e outros políticos do PP.

“Em uma das mensagens, de 23 de setembro de 2010, Othon Zanóide Filho manda uma “relação dos recibos faltantes”. Na mensagem, reproduzida abaixo, o executivo trata de quatro partidos e quatro candidatos. “A seguir a relação dos recibos faltantes, desde já agradeço a ajuda.1 – PP DA BAHIA 500.0002 – ALINE CORREA 250.0003 – ROBERTO TEIXEIRA 250.0004 – NELSON MEURER 500.0005 – PP DE PERNAMBUCO 100.0006 – ROBERTO BRITO 100.0007 – DIRETORIO NACIONAL P. PROGRESSISTA 2.040.0008 – PMDB DE RONDONIA 300.000Abraços.”

Segundo o Ministério Público Federal, as quantias “consistiam em propina oriunda do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionado à Diretoria de Abastecimento da Petrobras”. “Não suficiente, foi identificado também um registro de entrada de Othon Zanóide de Moraes Filho em um dos escritórios de Alberto Youssef, em 31 de maio de 2011, o que indica que o então diretor da Queiroz Galvão conhecia bem o doleiro e sabia exatamente de quem se tratava”, registra o documento.Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que a Queiroz Galvão, em 2010, fez duas doações ao Diretório do PMDB de Rondônia. Em 1 de setembro daquele ano foram repassados R$ 200 mil e, em 27 de agosto, R$ 300 mil.

Defesa
“O PMDB sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no País. Em todos esses anos, após fiscalização e análise acurada do Tribunal Superior Eleitoral, todas as contas do PMDB foram aprovadas não sendo encontrado nenhum indício de irregularidade”, defendeu-se o partido por meio de nota.

Ex-executivos de construtora estão entre alvos da Operação Resta Um

Um mandado de prisão temporária é contra Marcos Pereira Reis, que não foi encontrado, pois está no exterior. Confira a lista de mandados da 33ª fase da Operação Lava-Jato

Entre os alvos da Operação “Resta Um” estão dois ex-executivos da Construtora Queiroz Galvão. São eles o engenheiro Ildefonso Collares Filho e Othon Zanoide de Moraes Filho. Os mandados contra eles são de prisão preventiva, ambas no Rio de Janeiro. O mandado de prisão temporária é para Marcos Pereira Reis. No entanto, ele ainda não foi preso, pois está no exterior.

[SAIBAMAIS]No total, a 33; fase da Lava-Jato cumpre, desde a madrugada, 32 mandados judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais. São 23 mandados de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 1 de prisão temporária (detenção por cinco dias) e 6 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento (veja lista abaixo). Os alvos são dirigentes e funcionários da Queiroz Galvão e do consórcio Quip S/A, do qual a empreiteira era acionista líder. O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e seu ex-chefe de gabinete, Armando Tripodi, não estão entre os alvos, apurou o Correio.

A Lava-Jato apura a participação da Construtora Queiroz Galvão para barrar a CPI da Petrobras em 2009. Cerca de 150 policiais federais estão nas ruas de seis estados cumprindo mandados de prisão, de busca e de condução coercitiva ordenados pelo juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. ;Há indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que R$ 10 milhões de reais em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar que as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam sido praticados até então;, informa a Procuradoria da República no Paraná. Em depoimento, o ex-diretor da petroleira Paulo Roberto Costa disse que o dinheiro foi pedido pelo falecido senador e ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra (PE) o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), que responde a inquérito específico no Supremo Tribunal Federal.

A Queiroz Galvão faz parte do chamado ;cartel das empreiteiras; que combinava licitações, superfaturava obras na Petrobras e distribuía um percentual de 1% a 3% em propinas para políticos, partidos e funcionários da estatal.