Prefeito de Iranduba pagará R$ 6 milhões a empresa investigada pela PF

Dono da Iza Construções e Comércio Eireli pagou R$ 500 mil ao ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro, conforme apontou a PF em investigaçã sobre desvio de R$ 25 milhões.

Prefeito de Iranduba, Augusto Ferraz

A Prefeitura de Iranduba pagará a empresa Iza Construções e Comércio Eireli mais de R$ 6,1 milhões, por serviço de construção da infraestrutura viária do Distrito de Ariaú. A empresa foi alvo de investigação da Polícia Federal (PF) em um esquema de fraudes nas licitações do município de Coari, na gestão do ex-prefeito Adail Pinheiro – condenado por exploração sexual de crianças e adolescentes. Á época, houve a denúncia de desvio de R$ 25 milhões, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).

O extrato de contrato entre a empresa Iza Construções e a Prefeitura de Iranduba, assinado pelo prefeito Augusto Ferraz, foi publicado, na edição desta quinta-feira (16), no Diário Oficial eletrônico (DOE) dos municípios do Estado do Amazonas.

Empresa financiou campanha de Arthur Neto e depois foi contemplada com contrato milionário
A Iza Construções e Comércio Eireli financiou com R$ 50 mil a campanha de Arthur Neto na eleição para prefeito de Manaus, em 2012.

Em 2013, já no mandato de Arthur, a empresa foi contemplada em licitação com um contrato de mais de R$ 13 milhões.

Dono da Iza Construção pagou R$ 500 mil de propina a Adail Pinheiro
O empresário dono da Iza Construções, Fábio Souza de Carvalho, chegou a pagar R$ 500 mil ao ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro. Na ocasião, a empresa só receberia o valor de R$ 988 mil, referente a obras em que a Iza Construções atuou, caso o empresário realizasse o repasse de 50% do valor recebido da Prefeitura de Coari.

O esquema foi revelado durante processo na Operação Vorax, em depoimento prestado pelo empresário em 7 de junho de 2012 ao juiz federal Márcio Luiz Coelho de Freitas. A operação da Polícia Federal em Coari investigava um esquema fraudulento entre o irmão de Adail Pinheiro e o vice-prefeito na época, Rodrigo Alves.

Operação Vorax
Entre os 29 denunciados pelo MPF, dez foram considerados como núcleo corrupto da Prefeitura de Coari. Segundo a denúncia, as fraudes nas licitações do município atingiram escala industrial, com 178 licitações correspondendo ao desvio de R$ 25 milhões.

 

PF prende no Amazonas um dos dez mais procurados da Interpol

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 10, na cidade de Parintins (AM), um dos dez mais procurados pela Interpol no Brasil, Carlos Eduardo do Amaral Pinheiro, de 50 anos, e condenado em 2015 a 41 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de falsidade de documentos, falsidade ideológica, uso de documento falso, fraude a licitações, crime de responsabilidade, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele ficará detido na Superintendência da PF no Amazonas.

Investigado na Operação Vorax, deflagrada em 2008 pela Polícia Federal, Carlos Eduardo do Amaral Pinheiro estava na Difusão Vermelha publicada pela Interpol, e era procurado desde 2015, quando foi sentenciado pela Justiça Federal do Amazonas.

De acordo com a condenação, entre 2004 e 2008, Amaral integrou organização criminosa que atuava em Coari/AM, município localizado a 360 quilômetro de Manaus, fraudando licitações e desviando recursos públicos da União, bem como royalties pagos pela Petrobras para a exploração de petróleo e gás na região.

Além disso, segundo divulgou a PF, ele teria sido o “mentor intelectual” de diversos crimes de falsificação de documentos licitatórios, incluindo comprovantes de prestação de contas apresentados ao Governo Federal. O prejuízo aos cofres públicos apurado à época chegou a mais de R$ 7 milhões.

Amaral é irmão do prefeito cassado de Coari, Adail Pinheiro (PP), e teria usado dessa posição para operar como um dos principais orquestradores de fraudes a licitações realizadas no município. Ele estava usando uma identidade falsa e, por isso, só pôde ser identificado e localizado após “intensos trabalhos de inteligência e investigativos desenvolvidos pela Polícia Federal, realizados em conjunto por equipes de seu Escritório Central Nacional da Interpol e de sua Superintendência Regional no Estado do Amazonas”, diz nota divulgada nesta sexta-feira, 10, pela PF.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou na quinta-feira, 9, o segundo pedido de habeas corpus ingressado pelo irmão do ex-prefeito de Coari.

Em 19 de agosto, o STJ havia negado um outro habeas corpus para evitar a prisão de Carlos Eduardo, condenado pelo juiz da 2.ª Vara Federal, Marllon Sousa, por fraude em licitação e desvios de recursos públicos em Coari, quando Adail Pinheiro era prefeito do município.

Na ocasião, o juiz federal determinou que ele não poderia recorrer em liberdade. Desde a condenação, em 29 de junho, o irmão de Adail Pinheiro estava foragido da Justiça.

Na decisão publicada nesta quinta, 9, o relator do habeas corpus, ministro Nefi Cordeiro, citou decisão da Justiça Federal do Amazonas em que se afirma que, caso os condenados fiquem em liberdade, é “concreta e elevada a ameaça de que, com liberdade, voltem à prática de novas condutas criminosas ameaçadoras da ordem pública”.

Condenado na operação Vorax é preso pela PF ao dar entrada em hospital público de Manaus

Condenado na operação Vorax é preso pela PF ao dar entrada em hospital público de Manaus

Há quase um ano foragido, Adriano Teixeira Salan, ex-secretário de administração da Prefeitura de Coari na gestão de Adail Pinheiro, foi preso pela Polícia Federal nessa madrugada, por volta das 00h30, no momento em que deu entrada em um hospital da rede pública de Manaus.

Condenado no processo da operação Vorax, Adriano estava até na lista vermelha da Interpol. Salan foi um dos articuladores de esquema de fraudes em licitações da prefeitura que culminaram em uma condenação de mais de 16 anos para ele.

Segundo a Polícia Federal, Adriano Salan era um dos comparsas de Carlos Eduardo do Amaral Pinheiro, chefe do esquema dos desvios de recursos públicos em Coari e irmão de Adail.

Carlos Pinheiro continua foragido e está entre os 10 mais procurados da Interpol.

Superintendente da PF diz que nunca sofreu pressão política
 
Superintendente da PF diz que nunca sofreu pressão política

Prestes a deixar o cargo de superintendente da Polícia Federal do Amazonas para assumir o comando da Academia Nacional de Polícia, em Brasília, o delegado Sérgio Fontes, 47, revelou ao portal Amazônia Real quais foram as operações mais emblemáticas e difíceis de comandar contra o crime organizado durante os cinco anos (2008-2013) em que ocupou o posto.

“A mais emblemática foi a Operação Vorax (em 2008). A mais difícil de conduzir foi a operação de busca e captura dos criminosos que mataram os policiais federais, a Operação Renascer, de dezembro de 2010 a março de 2011”, afirma Fontes.

Na Operação Vorax, a Polícia Federal prendeu o ex-prefeito Adail Pinheiro (PRP-AM), secretários municipais, servidores públicos, empresários e investigou juízes acusados em crimes de corrupção e desvio de dinheiro público da Prefeitura de Coari, no oeste do Amazonas.

Malas de dinheiro, mais de R$ 7 milhões em cédulas, foram apreendidas em um forro de uma casa abandonada na cidade. No curso das investigações, a polícia encontrou um esquema nefasto de pedofilia e prostituição infantil envolvendo supostamente Adail Pinheiro, que na época pertencia ao PMDB e tinha apoio político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do senador Eduardo Braga (PMDB-AM). O ex-prefeito nega as acusações da PF.

O delegado Sérgio Fontes afirma que a Operação Vorax foi demorada, trabalhosa e reuniu muitas provas. “Foi um fato inédito pegar num forro de uma casa cerca de R$ 7 milhões. O ex-prefeito é acusado de vários crimes, mas não é ficha suja ainda. Isso não depende da gente, fizemos o nosso trabalho”, disse.

O superintendente diz que não sofreu pressões de políticos durante as investigações Operação Vorax, que paralisou a administração pública de Coari. “Eu nunca sofri pressão política em toda minha carreira. Nunca recebi um telefonema, como nunca dei um telefonema para político. Nunca recebi nenhuma pedido para fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Nem como delegado e nem como superintendente em quase 20 anos de polícia”, afirmou Sérgio Fontes.

A Operação Renascer teve como objetivo prender cinco narcotraficantes peruanos responsáveis pela emboscada e assassinato dos agentes federais Mauro Lobo, 43, e Leonardo Matsunaga, 26, em 2010, durante uma operação de combate ao tráfico no rio Solimões, em Manacapuru, região metropolitana de Manaus.

Entre os presos estavam o peruano Jair Ardela Michhue, conhecido como “Javier”, um dos maiores criminosos do narcotráfico que atuava a tríplice fronteira do Brasil, Colômbia e Peru. “Ele está preso no presídio federal de Catanduvas (PR) e deve ser julgado ainda este mês pelos assassinatos dos agentes, diz o delegado.

As mortes dos agentes federais desencadeou uma série de questionamentos sobre a segurança dos policiais em operações de alto risco. O sindicato da categoria denunciou o sucateamento dos equipamentos como armas, lanchas e coletes usados pelos agentes mortes.

“Nenhum policial que morreu foi alvejado no colete. Se o colete ia segurar o tiro de fuzil, a gente não sabe. Não tínhamos lanchas blindadas. Os melhores e mais experientes policiais estavam envolvidos na operação. Nunca houve um caso desses antes (no Amazonas). Isso quer dizer que não ia acontecer? Não. Quer dizer só que não havia experiências anteriores que recomendasse o uso de uma lancha blindada, que até hoje não temos”, afirmou o delegado.

Sergio Fontes disse após as mortes dos agentes federais houve mudanças na estratégia da Polícia Federal de abordar criminosos em operações de combate ao narcotráfico nos rios da Amazônia.

Agora, os agentes federais possuem equipamentos como lanchas rápidas com para-balas, para o atirador de proa não ser atingido, metralhadoras de guerra de calibre 7.62 e coletes com flutuadores.

“Nós desenvolvemos outras maneiras de abordagens. Fixamos um limite. Temos equipamentos para esse tipo de ação noturna. Esperamos que o nosso pessoal cumpra. A polícia está sempre em desvantagem. Ela tem que se identificar, tem que gritar, agir dentro da lei. E só pode responder a agressão quando for agredida”, disse Sérgio Fontes.