PF prende 3 delegados da PF na Operação Inversão

A Inversão cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, 4 de condução coercitiva e 13 de prisão preventiva, todos na capital paulista e na Grande São Paulo.

São Paulo – Habituada a prender empresários, doleiros e servidores públicos de vários órgãos públicos por corrupção e fraudes, a Polícia Federal agiu dentro de sua própria casa nesta quinta­feira, 14, ao deflagrar a Operação Inversão que culminou com a prisão de dois delegados da corporação por suspeita de envolvimento em um esquema de propinas na área previdenciária.

Foram presos os delegados da PF Ulisses Francisco Vieira Mendes, ex­chefe da Deleprev, hoje aposentado, Rodrigo Cláudio de Gouvea Leão e Carlos Bastos Valbão, da mesma delegacia.

A Inversão cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, 4 de condução coercitiva e 13 de prisão preventiva, todos na capital paulista e na Grande São Paulo.

A pedido da PF, um quarto policial foi afastado preventivamente de suas atividades por ordem da 9.ª Vara Criminal Federal de São Paulo. O inquérito foi aberto em agosto de 2015.

De acordo com a Federal, a corporação foi informada que, após investigação para apurar crimes previdenciários, policiais federais teriam solicitado propina ‘para deixar de agir em desfavor de determinadas pessoas’.

A PF informou que os investigados serão indiciados e responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de corrupção ativa e corrupção passiva. Os presos estão na sede da PF em São Paulo, onde permanecerão à disposição da Justiça.

 

Operação prende três delegados da PF e mais 10 envolvidos em corrupção

MPF diz que policiais conduziam investigações para exigir propina, sendo que um investigado pagava regularmente o suborno

O Ministério Público Federal (MPF) e o Setor de Contrainteligência da Polícia Federal deflagraram na manhã de hoje a Operação Inversão. Nela foram presos dois delegados da Delegacia de Crimes Previdenciários (Deleprev) da PF em São Paulo e um delegado aposentado.

A PF cumpriu ainda outros 10 mandados de prisão preventiva, referentes a seis intermediários do esquema e a quatro investigados que teriam pago propina a policiais, entre 2010 e 2015. O suborno era para evitar investigações de crimes contra a Previdência Social em que eram investigados. As ordens partiram da 9ª Vara Federal de São Paulo.

Um dos presos, Marivaldo Bispo dos Reis, o Miro – dono de uma consultoria previdenciária – teria pago de R$ 500 mil a 800 mil, segundo relatos que constam dos autos, para paralisar uma operação policial que investigava sua atuação. Ele está envolvido em fraudes contra dezenas de agências do INSS em São Paulo e que movimentariam em torno de R$ 50 mil por dia. Quatro pessoas ligadas à Miro foram alvo de condução coercitiva decretada pela Justiça.

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A operação começou a se delinear em agosto de 2015, quando uma advogada investigada na Operação Trânsito foi procurada por pessoas que falavam em nome de policiais. Eles diziam que, se ela pagasse uma propina de R$ 15 mil, poderia se livrar da investigação. Proposta que depois subiu para R$ 150 mil.

Ela e o marido procuraram a Corregedoria da PF em São Paulo e denunciaram o esquema, trazendo mais provas do envolvimento de policiais, que passaram a ser investigados em ações de Contrainteligência policial. Até conversas de Whatsapp entre os intermediários e a vítima de extorsão foram entregues à corregedoria.

Foram presos os delegados da PF Ulisses Francisco Vieira Mendes, ex-chefe da Deleprev (hoje aposentado), Rodrigo Cláudio de Gouvea Leão e Carlos Bastos Valbão, da mesma delegacia. Pesam contra eles vários indícios de sua participação, inclusive obtidos com interceptação ambiental e ações realizadas em seus gabinetes, com autorização judicial.

Além deles, também estão presos os intermediários Moisés Dias Morgado, Dorival Donizete Correa, Maria Lúcia Ribeiro, José Carlos da Rocha, Manoel Carlos da Silva. Cláudio Ademir Mariano, advogado de Miro, está foragido. Outros três investigados que teriam pago propina aos policiais, além de Miro, tiveram a prisão decretada: Evando Avelino, Miguel Minarro Pinar e Kleber Mejoardo Gonzaga.

Para os procuradores da República responsáveis pelo caso, “os investigados transformaram a Deleprev, que deveria atuar na apuração de delitos previdenciários – que tanto sangram os cofres da União – num balcão de negócios e de impunidade”.

Os pedidos de prisão, buscas e conduções coercitivas foram solicitados pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal concordou com todos os pedidos. A primeira audiência judicial dos investigados será realizada nesta sexta-feira no Fórum Criminal Federal de São Paulo.