STJ nega habeas corpus e Zelada fica na prisão da Lava Jato

Os ministros da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negaram recurso em habeas corpus para o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, preso na Operação Lava Jato desde julho de 2015 e condenado pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos e dois meses de prisão crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Zelada foi capturado na Operação Conexão Mônaco, 15ª fase da Lava Jato. Os investigadores descobriram contas secretas do ex-diretor da estatal petrolífera no Principado de Mônaco com saldo de 11,58 milhões de francos suíços, ou R$ 50,2 milhões.
Em seu voto, o relator da Lava Jato no STJ, ministro Felix Fischer, entendeu haver motivos para a manutenção da prisão de Zelada, pois após o início das investigações, em meados de 2014, ‘o recorrente transferiu da Suíça para Mônaco vultosas quantias que mantinha em contas secretas, praticando assim crime de lavagem de dinheiro, e pondo em risco a aplicação da lei penal pela dificuldade de haver o sequestro e posterior confisco de tais valores’.
Felix Fischer considerou também haver ‘indícios da existência de outras contas ainda não sequestradas, de modo que em liberdade (Zelada) poderia praticar novos crimes de lavagem e impedir o sequestro do produto do crime de corrupção’. Os outros ministros da turma acompanharam o relator.
Zelada sucedeu ao ex-diretor Nestor Cerveró, também acusado de participar do esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras. Cerveró fez delação premiada e se livrou da cadeia.
Segundo a denúncia da Procuradoria da República, Zelada, na condição de Diretor Internacional da Petrobras, e Eduardo Musa, gerente da área Internacional da Petrobras, aceitaram propina de cerca de US$ 31 milhões de Hamylton Padilha e de Hsin Chi Su Nobu Su, para favorecer a contratação, em 22 de janeiro de 2009, da empresa Vantage Drilling Corporation para afretamento do navio sonda Titanium Explorer pela Petrobras ao custo de US$ 1,81 bilhão.
Na mesma sentença contra Zelada, o juiz Moro condenou o lobista João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador do PMDB na estatal e aliado do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a seis anos e oito meses de reclusão. Foram condenados também Eduardo Costa Vaz Musa, a dez anos de reclusão, e Hamylton Pinheiro Padilha Júnior a oito anos de prisão.
No recurso ao STJ, a defesa de Zelada sustentou que ‘não há necessidade de manutenção da prisão, já que deixou a empresa (Petrobras) há mais de quatro anos, não praticou nenhum outro crime e a conta que teria no exterior já foi encerrada’.
Além disso, alegou que sua mãe tem graves problemas de saúde e necessita de cuidados especiais, e que precisaria estar em liberdade para cuidar dela. Pediu, assim, a revogação da prisão preventiva ou sua substituição por outras medidas cautelares.
Ainda no curso da ação penal conduzida pelo juiz Moro, a defesa de Zelada, em fase de alegações finais, por meio do criminalista Nélio Machado, argumentou que ‘não se configurou o crime de corrupção’ e ‘que não houve irregularidades’ na contratação do navio-sonda da Vantage. A defesa argumentou, na ocasião, que não houve prejuízo à Petrobras e que os delatores e réus no processo Hamylton Padilha e Eduardo Musa disseram que nunca trataram diretamente com Jorge Zelada sobre a propina.

Operador da Lava Jato que estava foragido é preso em Portugal

25ª fase da operação foi deflagrada nesta segunda-feira (21), em Lisboa.
Raul Schmidt foi preso suspeito de envolvimento em pagamento de propinas.

 

Operador da Lava Jato que estava foragido é preso em Portugal
25ª fase da operação foi deflagrada nesta segunda-feira (21), em Lisboa.
Raul Schmidt foi preso suspeito de envolvimento em pagamento de propinas.

A polícia judiciária portuguesa cumpriu, na madrugada desta segunda-feira (21), a 25ª fase da Operação Lava Jato, em Lisboa. O operador financeiro Raul Schmidt Felippe Junior, que estava foragido desde julho de 2015, foi preso preventivamente. Esta foi a primeira operação internacional realizada pela Lava Jato e foi batizada pelas autoridades portuguesas de ‘Polimento’.

Schmidt é alvo da 10ª fase da operação e suspeito de envolvimento em pagamento de propinas aos ex-diretores da Petrobras Jorge Zelada, Renato de Souza Duque e Nestor Cerveró – que também foram presos na Lava Jato e estão detidos no Paraná. Segundo a Polícia Federal do estado, Raul Schmidt é tido como sócio de Zelada.

Além de atuar como operador financeiro, Schmidt aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da estatal, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo as autoridades portuguesas, Schmidt foi preso às 7h (horário local) no apartamento onde morava em Lisboa. No imóvel também foram apreendidos obras de arte e documentos. Schmidt foi levado para o prédio da polícia judiciária portuguesa e deve se apresentar nesta terça ao Tribunal de Lisboa. Ele já está acompanhado de advogados.

As investigações apontam que o imóvel onde ele vivia está avaliado em cerca de 3 milhões de euros e que estaria em nome de uma offshore da Nova Zelândia.

A PF informou que Raul Schmidt permanecerá preso em Portugal enquanto é analisada a possibilidade de extradição e que o compartilhamento de provas colhidas auxiliará nos trabalhos desenvolvidos pela equipe da Lava Jato no Brasil.

O nome de Raul Schmidt já tinha sido incluído no alerta de difusão da Interpol em outubro do ano passado.

Primeira operação internacional
A deflagração da operação Polimento foi um trabalho conjunto entre Portugal e Brasil, sendo que o cumprimento das medidas foi feito pela polícia judiciária portuguesa e pelo Ministério Público português. Autoridades brasileiras do MPF e da PF acompanharam as diligências.

Raul Schmidt é brasileiro e também possui nacionalidade portuguesa. Ainda segundo o MPF, ele vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e se mudou para Portugal após o início da operação Lava Jato, em virtude da dupla nacionalidade.

24ª fase
A 24ª fase foi deflagrada no dia 4 de março e foi batizada de “Aletheia”. Um dos alvos dos mandados de condução coercitiva foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o MPF, Lula é investigado por haver indícios de que ele cometeu os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht.

Há evidências, segundo as investigações, de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema descoberto na Petrobras por meio de um apartamento triplex do Condomínio Solaris, em Guarujá (SP).

O depoimento referente ao cumprimento do mandado durou pouco mais de três horas e foi colhido em uma sala reservada da PF no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Logo depois, os advogados de Lula emitiram nota afirmando que a condução foi ilegal.

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também teve um mandado de condução expedido e teve que prestar esclarecimentos à PF.

Grampos divulgados
Na última quarta-feira (16), Lula foi anunciado como novo ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff. No cargo, ele não poderia mais ser investigado pelo juiz Sérgio Moro na Justiça Federal. O ex-presidente passaria a ter foro privilegiado, podendo ser investigado apenas pela Procuradoria-Geral da República com o aval do Supremo Tribunal Federal (STF).

No mesmo dia do anúncio, Moro decidiu levantar o sigilo do conteúdo de apurações contra o ex-presidente, que incluía escutas telefônicas entre Lula e a presidente Dilma.

O juiz disse que Lula sabia ou desconfiava que estava sendo monitorado na Lava Jato e que só autorizou o monitoramento telefônico do ex-presidente. Segundo Moro, as autoridades com foro privilegiado, como Dilma, que aparecem nas ligações ou ligaram ou receberam ligações de Lula.

Posse suspensa
Lula chegou a tomar posse no cargo na quinta-feira (17), mas minutos depois uma liminar do juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal, suspendeu a posse. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu, e conseguiu derrubar a liminar.

Mas várias outras ações na Justiça que pediam que Lula não assumisse o cargo causaram uma onda de decisões contra ou a favor do presidente, e a AGU recorreu então ao STF para que suspendesse todas as ações até a Corte decidir sobre o caso.

Na sexta (18), o ministro do STF Gilmar Mendes suspendeu a nomeação de Lula para a Casa Civil. Na decisão, Mendes afirmou ter visto a intenção de Lula em fraudar as investigações sobre ele na Lava Jato. Além de suspender a nomeação de Lula, Gilmar Mendes também determinou, na mesma decisão, que a investigação do ex-presidente seja mantida com o juiz federal Sérgio Moro.

No sábado (19), a AGU entrou com um recurso no STF contra a decisão de Gilmar Mendes.

Neste domingo (20), advogados de Lula enviaram ao ministro do STF Teori Zavascki pedido para que ele seja o responsável pela análise das ações que tramitam no tribunal sobre a posse do ex-presidente na Casa Civil. Para os advogados de Lula, o fato de Teori ser o relator da Lava Jato no STF faz com que, “ao menos provisoriamente”, ele seja o ministro responsável para analisar o caso.

Lava-Jato: operador ligado a ex-diretor da Petrobras é preso em Portugal

Autoridades no país prenderam preventivamente Raul Schmidt Felipe Junior, investigado que estava foragido desde julho do ano passado e é apontado em partilha de propina para o PMDB inclusive, em seu apartamento, avaliado em R$ 12 milhões

Mandados de busca e apreensão e de prisão de um operador foram cumpridos em Portugal na madrugada desta segunda-feira (21/3), na 25; fase da Operação Lava-Jato. O consultor Raul Schmidt Felipe Junior, investigado pelo pagamento de propinas aos ex-diretores da estatal Renato de Souza Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada, foi detido em seu apartamento, em Lisboa, avaliado em 3 milhões de euros (R$ 12,2 milhões). Ele é acusado de participar de repasse de US$ 31 milhões em propina que tinha o PMDB como um dos beneficiários.

Esta é a primeira operação internacional realizada pela Lava-Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Em Portugal, a polícia e a Procuradoria batizaram a ação de ;Operação Polimento;.

Raul Schmidt estava foragido desde julho de 2015, quando foi expedida a ordem de prisão. Seu nome havia sido incluído no alerta de difusão da Interpol em outubro do ano passado. Ele é brasileiro, mas possui naturalidade portuguesa. O investigado vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e se mudou para Portugal após o início da operação.

De acordo com fontes ouvidas pelo Correio, Schmidt vivia em uma área nobre de Lisboa, no apartamento em que foi preso e em que foram feitas as buscas a apreensões de documentos.

[SAIBAMAIS]As autoridades portuguesas batizaram a ação de ;Operação Polimento;, que foi feita pela polícia e Ministério Público português. Delegados da Polícia Federal e do Ministério Público Federal lotados no Paraná acompanharam as diligências. Depois do cumprimento após serem cumpridas as medidas cautelares, o Brasil dará início ao processo de extradição, para trazer Schmidt de volta ao país.

Schmidt será levado perante o Tribunal de Relação de Lisboa, segundo a Polícia Judiciária, de Portugal. A ação foi realizada com 19 pessoas, sendo 14 da própria PJ, um procurador do Ministério Público e um juiz. Do Brasil, participaram dois policiais federais e um procurador da República do Ministério Público.

A PJ disse que identificou Schmidt ;depois de diversas e complexas diligências de investigação tendentes à localização; do suspeito. A reportagem do Corrreio não localizou representantes do investigado.

As provas compartilhadas entre brasileiros e portugueses vão ajudar na apuração realizada pelo grupo de trabalho da PF e pela força-tarefa do MPF em Curitiba, que se dedicam à Lava-Jato.

Operador financeiro
A investigação aponta que, além de Schmidt atuar como operador financeiro no pagamento de propinas aos agentes públicos da estatal, o nome dele também aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da Petrobras. O consultor é alvo da operação desde a 10; fase.

Em julho do ano passado, o juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, determinou o bloqueio de R$ 7 milhões da conta de Schmidt, sócio de Jorge Luiz Zelada na empresa TVP Solar, com sede no Brasil e no exterior. Zelada foi preso na 15; fase da Lava-Jato, apelidada de ;Conexão Mônaco;. O ex-diretor transferiu US$ 1 milhão para contas bancárias na China e há indícios de repasses para contas de Raul Schmidt, de acordo com a investigação. Zelada já foi condenado a 12 anos de prisão por Sérgio Moro.

De acordo com o MPF, Raul Schmidt participou da partilha de US$ 31 milhões em propinas que beneficiaram, inclusive, o PMDB. O empresário chinês Hsin Chi Su, o ;Nobu Su;, executivo da empresa TMT, e o lobista Hamylton Padilha repassaram o dinheiro para Zelada, para o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e para o partido, ;responsável pela indicação e manutenção destes em seus respectivos cargos;. Em jogo, estava a contratação do navio-sonda Vantage Drilling para a Petrobras, fornecido pela TMT.

Pelo fato de morarem fora do país, o juiz Sérgio Moro desmembrou a ação penal em relação a Nobu Su e a Raul Schmidt. ;(Os lobistas) João Augusto Rezente Henriques e Raul Schimidt, como intermediadores da propina, responderiam como partícipes do crime de corrupção passiva;, escreveu o juiz na sentença que condenou Zelada a 12 anos de prisão. Henriques repassou a parte do PMDB, segundo o MPF.

Padilha repassou US$ 4,9 milhões para contas de Schmidt entre abril e dezembro de 2009. ;A parte de Jorge Luiz Zelada teria sido transferida por Raul Schmidt para a conta em nome da off-shore Tudor Advisory Inc mantida no Banco Lombard Odier na Suíça;, narrou o juiz Sérgio Moro.

Ineditismo
Um investigador do caso destacou ao Correio que esta é a primeira prisão da Lava-Jato fora do Brasil. E também é a primeira busca e apreensão realizada no exterior com a participação de policiais e procuradores brasileiros.

Em fevereiro, houve uma prisão no exterior, mas ela aconteceu quase que ;acidentalmente;. Sérgio Moro expediu ordem de prisão contra o funcionário da Odebrecht Fernando Migliaccio, mas ele não foi localizado e foi considerado foragido a partir de 22 de fevereiro. No entanto, a polícia da Suíça informou depois que ele havia sido detido naquele país no dia 17 por crimes cometidos lá. A PGR ainda negocia a extradição de Migliaccio.

A ação de hoje ocorreu de forma diferente do usual. Normalmente, as autoridades do país estrangeiro ;conversam; com o Brasil por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, órgão central para esse tipo de ação coordenada. Nesta segunda-feira, tudo foi feito diretamente entre a Procuradoria Geral da República de Portugal com a PGR do Brasil, por conta de um acordo bilateral que também existe com o Canadá.

 

Operação Aletheia investiga obras em sítio e tríplex ligados a Lula

A 24ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Aletheia, foi deflagrada nesta sexta-feira

São Paulo – A 24ª fase da Operação Lava-Jato, nomeada Operação Aletheia, foi deflagrada com base em investigações sobre a compra e reforma de um sítio em Atibaia frequentado pelo ex-presidente Lula, o fato de sua mudança ter sido transportada para o local e a relação desses episódios com empreiteiras investigadas, além da relação dele com um tríplex no Guarujá reformado pela OAS.

A investigação que atinge em cheio o principal nome do PT ocorre um dia depois de vir à tona a delação do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS) na qual o parlamentar afirma que a presidente Dilma Rousseff teria atuado para interferir nas investigações no Judiciário e de que Lula teria pedido para ele procurar o filho de Nestor Cerveró para evitar que o ex-diretor da estatal não implicasse José Carlos Bumlai.

Ainda segundo o senador, que foi solto recentemente pelo Supremo após ser preso em flagrante por tentar prejudicar as investigações, o ex-presidente teria demonstrado preocupação com as investigações da Operação Zelotes sobre compra de Medidas Provisórias em seu governo e que envolvem seu filho Fábio Luís Lula da Silva e pedido para ele evitar que os lobistas investigados no esquema fossem convocados para depor na CPI do Carf no Senado.

 

Prisão de líder do governo é segunda fase da Operação Politeia

Ação é conduzida pela força-tarefa da Lava-Jato que atua em Brasília, focada em investigados com foro privilegiado, e sem relação direta com as apurações que ocorrem em Curitiba

André Corrêa / Senado 

André Corrêa / Senado

As quatro prisões que incendiaram o cenário político brasileiro na manhã desta quarta-feira, com a detenção do líder do governo, senador Delcídio Amaral (PT), não são parte da força-tarefa da operação Lava-Jato que atua em Curitiba.

Na capital do Paraná, sob jurisdição do juiz Sergio Moro, tramitam apenas os processos e investigações referentes a pessoas sem foro privilegiado: em maioria, são grandes empresários, operadores financeiros e ex-dirigentes da Petrobras.

Como a prisão de Delcídio Amaral repercutiu no Planalto e no Congresso

Com a magnitude da Lava-Jato, um dos desmembramentos da operação remeteu para Brasília investigações atreladas a políticos que teriam participado do esquema de desvio de verbas bilionárias da Petrobras.

Na capital federal, há uma outra força-tarefa da Polícia Federal e do Ministério Público Federal atuando. Os investigadores, quando pretendem fazer denúncia, se reportam ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Este, por sua vez, faz os encaminhamentos de pedidos de prisão ou busca para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Delcídio ofereceu R$ 50 mil mensais para Cerveró não participar de delação premiada, diz PGR

Foi o que ocorreu na manhã desta quarta-feira: o MPF descobriu que o senador Delcídio Amaral tentava obstruir investigações, com destruição de provas e oferta de mesada para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fazer delação premiada, expediente em que ele poderia contar o que sabe, incluindo os supostos benefícios indevidos obtidos por Delcídio na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras.

Ao reunir provas da tentativa de obstrução, o MPF as entregou a Janot, que elaborou os pedidos de prisão, aceitos pelo STF.

Filho de Cerveró acertou gravação com Procuradoria-Geral da República (PGR)

Além de Delcídio, também foram presos o seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e o advogado do senador, Edson Ribeiro, além do banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual. Eles ficarão em Brasília, mesmo sem foro privilegiado, por terem se envolvido em um episódio com um senador, que detém a prerrogativa de somente ser investigado no âmbito do STF.

A força-tarefa de Brasília define a ação desta quarta-feira como a segunda fase da Operação Politeia, iniciativa ostensiva contra políticos investigados no STF.

Planalto e PT já discutem novo nome para liderança do governo

Na primeira etapa da Politeia, em 14 de julho, foram cumpridos 53 mandados. Agentes da PF foram às residências do senador Fernando Collor (PTB-AL) em Brasília e Maceió, onde foram apreendidos uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini.

Também ocorreram buscas nas moradias dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra (PSB-PE), do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), dos ex-ministros Mário Negromonte (PP-BA) e do ex-deputado João Pizzolati (PP).

PF prende ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada em 15ª fase da Lava Jato

O ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Zelada foi preso no Rio. Batizada da Operação Conexão Mônaco, a ação cumpre três mandados de busca e apreensão no Rio e um em Niterói

O nome da operação decorre da descoberta de 11,6 milhões de euros mantidos por Zelada em conta secreta no Principado de Mônaco

São Paulo e Curitiba – A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 02, a 15ª fase da Operação Lava Jato. O ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Zelada foi preso no Rio. Batizada da Operação Conexão Mônaco, a ação cumpre três mandados de busca e apreensão no Rio e um em Niterói. Zelada foi o único a ter prisão preventiva decretada pela Justiça Federal.

Segundo a PF, o foco dessa nova etapa são “crimes de corrupção, fraudes em licitações, desvios de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro”. Zelada foi sucessor do ex-diretor Nestor Cerveró – preso desde 14 de janeiro – na diretoria da área Internacional que era cota do PMDB no esquema de loteamento político na estatal. Ele será levado para Curitiba, sede das investigações da Lava Jato, ainda hoje.

Mônaco

O nome da operação decorre da descoberta de 11,6 milhões de euros mantidos por Zelada em conta secreta no Principado de Mônaco. Em março, a força-tarefa da Lava Jato havia apontado o ex-diretor como um dos próximos alvos das investigações, no núcleo de agentes públicos da estatal sob suspeita de corrupção. Na ocasião, Zelada teve sua fortuna bloqueada em duas contas que controlava no banco Julius Baer, no Principado de Mônaco, segundo a Procuradoria. O Ministério Público Federal descobriu que Zelada era controlador da conta em nome da offshore Rockfield Internacional S.A.

Na conta da Rockfield Internacional a força tarefa da Lava Jato conseguiu há um mês bloquear a maior parte da fortuna não declarada de Zelada: 11 milhões de euros. Em outra conta aberta no mesmo banco – esta em seu nome – havia mais 32 mil euros.

“Se nós tivéssemos o crime de enriquecimento ilícito, nós estaríamos oferecendo acusação criminal contra Zelada. Porque não o temos, devemos prosseguir nas investigações até alcançarmos provas consistentes para que, aí sim, possamos formular acusações criminais”, afirmou o procurador Deltan Dallagnol, em março, quando foi denunciado Renato Duque, ex-diretor de Serviços.

A ordem de bloqueio da fortuna de Zelada em Mônaco foi a mesma que congelou os 20 milhões de euros que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque tentou ocultar, transferindo os valores da Suíça para o Principado, no fim de 2014.

Por conta das movimentações financeiras não declaradas em Mônaco, Duque foi preso no dia 16 de março pela segunda vez, pela Operação ‘Que País é Esse?’ – frase dita por ele ao se indignar com a primeira prisão de que foi alvo, em 14 de novembro. Duque permanece detido em Curitiba. A defesa de Jorge Luiz Zelada não foi localizada pela reportagem.

 

Operação “My Way” da Lava-Jato investiga 11 operadores e 25 empresas

PF investiga empresas e intermediários que, supostamente, agiam em esquemas de corrupção tocado dentro da Diretoria de Engenharia da Petrobras

Investigadores da Lava-Jato deflagraram a operação ;My Way; nesta quinta-feira (5/2) atrás de 11 operadores e 25 empresas. Os intermediários agiam em esquemas de corrupção na Petrobras. A suspeita é de que eles atuavam em frentes diferentes na Diretoria de Engenharia da estatal, à época comandada por Renato Duque, e na BR Distribuidora. Duque era apelidado de ;My Way; pelo subordinado Pedro Barusco, mas não foi alvo da operação.

Ao todo, a PF cumpriu mandados em 26 empresas. Dessas 24 são firmas de fachada ou utilizadas no esquema de corrupção; uma é considerada de grande porte, em Piçarras (SC); e uma responsável por armazenar documentos.

A PF cumpriu dois mandados de busca em Piçarras. Lá, uma grande empresa fornecedora de tanques de combustível e de caminhões para abastecimento de aviação fechou contratos com a BR Distribuidora. Segundo o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, há suspeita de que esses negócios envolveram o pagamento de propina.

[SAIBAMAIS]Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado do Paraná, Igor de Paula Romário, há suspeita de que essa firma pagou a funcionários da Petrobras por informações privilegiadas que lhe garantiram contrato com a BR Distribuidora. O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima disse que os operadores ;têm muitas ligações com agentes públicos dentro da Petrobras; .

Segundo Carlos Fernando, os operadores tinham proximidade com a Diretoria de Serviços e Engenharia, que foi comandada por Duque. Apesar disso, os investigadores não pediram a prisão dele, ao menos por enquanto, por não terem provas suficientes.

Os supostos crimes aconteceram até 2014, quando Duque não estava mais na diretoria, mas os delegados e procuradores ainda não têm certeza de quando começaram. ;Essa é a importância desse fato, que não envolve só a Diretoria de Abastecimento (antes comandada por Paulo Roberto Costa) e Internacional (antes dirigida por Nestor Cerveró);, explicou Carlos Fernando.

As suspeitas ainda precisam ser confirmadas. Parte das acusações é baseada na palavra de criminosos colaboradores em regime de delação premiada. ;Buscar documentos é essencial;, completou o procurador. ;Essa operação se destina a produzir provas.; Por isso, os investigadores não divulgaram nomes. A prisão preventiva no Rio de Janeiro não tinha sido cumprido até as 10h.