PF prende exportador de café e outras 6 pessoas em MG

A Polícia Federal deflagrou hoje em Varginha, no sul de Minas, a Operação Bicho Mineiro e prendeu sete pessoas suspeitas dos crimes de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, blindagem patrimonial, além de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

As investigações tiveram início em setembro de 2007, no curso da Operação Rotterdam, quando surgiram indícios de que empresários ligados às atividades de comércio e de exportação de café utilizavam laranjas ou empresas localizadas em paraísos fiscais, para ocultar bens. Tal esquema, conforme a PF, teria se iniciado no ano de 1995.

Cerca de 150 policiais federais cumpriram sete mandados de prisão, sendo quatro delas preventivas, e 18 mandados de busca e apreensão também nos municípios de Elói Mendes, Boa Esperança, Guapé, além de Angra dos Reis (RJ) e São Paulo (SP).

Entre os suspeitos presos hoje está o empresário Cléber Marques de Paiva, proprietário da Exportadora Princesa do Sul (Exprinsul), especializada em exportação de café. A holding controladora da empresa, denominada União de Empresas de Comércio Mundial (Unecom) é também permissionária do Porto Seco do Sul de Minas e realiza desembaraço aduaneiro na região.

Defesa

O advogado do empresário, Luiz Fernando Valadão, que representa também outros quatro suspeitos, informou que iria viajar ainda hoje para Brasília, para entrar com um pedido de habeas-corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em favor de seus clientes. Entre os presos está também um dos advogados do empresário, Adriano Ferreira Sodré.

Valadão argumentou que o mandado de prisão foi expedido por uma juíza federal, de Belo Horizonte, enquanto o empresário vinha sendo processado em Varginha, em decorrência de uma operação anterior da PF. “Nada justificaria esta prisão e a juíza federal não era a autoridade competente para expedir um mandado nesse caso. O processo vinha correndo e nenhum dos meus clientes se recusou a prestar os esclarecimentos para a apuração dos fatos”, contestou.

Para ele, a prisão foi fruto de “deduções subjetivas” e o fato de ele ainda não ter tido acesso ao inquérito demonstraria mais uma arbitrariedade. “As coisas tinham que acontecer na mesma velocidade. Esta é uma suboperação da operação”, disse ele. Cléber Marques de Paiva também preside o Centro de Comércio de Café de Minas Gerais (CCCMG), em Varginha. Os presos devem ser encaminhados ainda hoje à Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG).

Delegado é preso acusado de espionagem

Segundo a PF, policial de SP integra o grupo de Eloy Ferreira e Francesco Maio, tidos como os arapongas mais atuantes no país

De acordo com a investigação da Polícia Federal, os três faziam espionagem para empresários, banqueiros, políticos e até policiais civis

O delegado da Polícia Civil de São Paulo Orivaldo Baptista Sobrinho foi preso temporariamente -por cinco dias- ontem pela Polícia Federal, em Belo Horizonte, sob a acusação de integrar uma quadrilha especializada em espionagem.
O grupo, segundo investigações da PF, é liderado pelos detetives particulares Eloy de Lacerda Ferreira e Francesco Maio Neto, considerados os arapongas mais atuantes do país atualmente.
Segundo a PF, os três faziam espionagem para empresários, banqueiros, políticos e até mesmo policiais civis.
Sobrinho, Ferreira e Maio Neto foram indiciados, segundo apurou a Folha, pelos crimes de quebra de segredo de Justiça, interceptação clandestina de comunicações telefônicas e formação de quadrilha.
O delegado nega as acusações. A Folha não conseguiu localizar os advogados de Ferreira e Maio Neto.

Ferrari e Mercedes-Benz
Nas buscas feitas pela PF na casa do araponga Ferreira, no Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, na semana passada, foram encontrados uma Ferrari, avaliada em R$ 650 mil, e um Mercedes-Benz, avaliado em R$ 100 mil.
Os acusados, de acordo com as investigações, atendiam de casos conjugais a questões de espionagem industrial. Cobravam até R$ 16 mil por 15 dias de interceptação telefônica, ainda segundo a PF.
A PF chegou ao grupo ao investigar, com interceptação telefônica autorizada pela Justiça Federal, pessoas envolvidas no comércio e na exportação de café suspeitas de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Neto, segundo as investigações, fazia serviços de espionagem para esses empresários e descobriu que seus clientes estavam sendo monitorados e os avisou sobre a investigação.
A PF, porém, soube do alerta feito por Neto aos seus clientes e, a partir disso, iniciou uma investigação paralela, que culminou na Operação Ferreiro. A PF interceptou a comunicação dos arapongas, o que levou ao pedido de prisão de 17 suspeitos de espionagem.
O inquérito que resultou nas prisões deles tramita em sigilo na 4ª Vara Federal de Belo Horizonte. O araponga Ferreira foi preso na quarta-feira, quando, a exemplo do delegado Sobrinho, se apresentou ao delegado federal Marcílio Miranda Zocrato para ser interrogado.
Ferreira já responde a outro processo, também por realizar escutas telefônicas clandestinas, na 14ª Vara Criminal de São Paulo.
O delegado e os dois arapongas estão presos na penitenciária Nelson Hungria, na região metropolitana de Belo Horizonte. Dois outros arapongas são procurados pela PF. Ao todo, já são 15 os presos por suspeitas de espionagem.
Entre os suspeitos de espionagem também estão pessoas ligadas a operadoras de telefonia, que facilitavam o trabalho de interceptação telefônica para os acusados de espionagem.
Os funcionários das operadoras de telefonia são suspeitos de fornecer, por exemplo, a localização de caixas de telefones -o que facilita a realização das interceptações telefônicas clandestinas.
Nos depoimentos prestados pelos arapongas presos, eles alegaram que só trabalham com autorizações judiciais.

PF prende prefeito por desvio de verbas durante operação em Pernambuco

Suposta quadrilha desviou R$ 2,5 milhões entre 2005 e 2007 do Ministério da Saúde.
Além do prefeito de Toritama, outras cinco pessoas foram presas.

A Polícia Federal de Pernambuco prendeu nesta terça-feira (17) o prefeito de Toritama, José Marcelo Marques de Andrade e Silva (PPS), e outras cinco pessoas ligadas à prefeitura durante a Operação Gestão Plena, deflagrada para desarticular uma suposta quadrilha que teria desviado R$ 2,5 milhões do Ministério da Saúde.

Toritama fica a 170 quilômetros do Recife, capital pernambucana. Segundo a PF, a suposta quadrilha fraudava recursos repassados para a Secretaria Municipal de Saúde pelo governo federal para atender ao Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade.

A PF informou que 70 policiais cumpriram os seis mandados de prisão temporária (válida por cinco dias) para o prefeito, um secretário, um tesoureiro, um advogado e dois ex-funcionários da Secretaria Estadual de Saúde e diversos mandados de busca e apreensão.

As investigações tiveram início há aproximadamente um ano. Há suspeita de irregularidades em outros seis municípios de Pernambuco: Lagoa de Itaenga, Lagoa do Carro, João Alfredo, São José do Egito, Tamandaré e Teresinha. Nestes locais, ninguém foi preso.

Os envolvidos podem responder por formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema de informação e peculato (desvio de verbas por funcionários públicos). O prefeito deve responder ainda por apropriação indevida de bens. As penas podem chegar a 30 anos de prisão.

Segundo o secretário de governo de Toritama, Djerson Soares Bezerra, a Prefeitura ainda não se posicionará sobre as prisões porque está apurando os fatos. “Estou na Prefeitura, estou indo para Caruaru (onde o prefeito está detido). Vou até lá para conversar, saber o que aconteceu”.

Em MG, prefeito renuncia
Em Juiz de Fora, Carlos Alberto Bejani (PTB) renunciou ao mandato de prefeito na segunda-feira (16). Preso na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, ele enviou uma carta à Câmara de Vereadores afirmando que deixava o cargo para poder se dedicar exclusivamente à sua defesa.

Foi a segunda prisão de Bejani pela PF. Em abril, ele foi detido em uma operação sobre fraudes no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Foi solto 14 dias depois. Na ocasião, a polícia encontrou R$ 1,12 milhão na casa dele e vídeos em que aparece recebendo dinheiro de um empresário do setor de transportes. No último dia 12, ele foi preso novamente. Quatro dias depois, renunciou.