Presidente da empresa que administra o Porto de Santos é preso em ação contra fraudes

O porto por onde passa um terço do produto interno bruto do país, foi usado para fraudes e corrupção

O porto de Santos, por onde passa um terço do produto interno bruto do país, foi usado para fraudes e corrupção. De acordo com a força tarefa criada para investigar a quadrilha, o grupo que comandava a Companhia Docas do Estado de São Paulo, a CODESP, fraudava licitações. 

As investigações começaram depois da divulgação de um vídeo postado na internet em setembro de 2016, em que o assessor do presidente da CODESP confessou a prática de delitos ocorridos na comapania.

O ministério dos transportes indicou Luiz Fernando Garcia como novo presidente da CODESP.

Operação Tritão: Luiz Fernando Garcia assume presidência da Codesp
 

Luiz Fernando Garcia assumirá o cargo de diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), no lugar de Alex Oliva. Já o atual presidente do conselho de administração, José Alfredo de Albuquerque e Silva, será o novo diretor de relações com o mercado e comunidade da companhia, substituindo Cleveland Sampaio Lofrano. A decisão foi tomada pelo conselho de administração da autoridade portuária nesta quarta-feira (31), após os desfechos da operação Tritão da Polícia Federal, deflagrada na manhã de hoje. A operação apura suspeitas de fraude em licitação e corrupção em contratos da estatal que somam R$ 37 milhões. Segundo a PF, o grupo atuava em processos licitatórios das áreas de tecnologia da informação, dragagem e consultoria.

Ao todo, sete pessoas foram presas temporariamente, com duração de cinco dias, e 21 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Santos, Barueri, Guarujá, São Caetano do Sul, Rio de Janeiro, Fortaleza (CE) e Brasília (DF), todos expedidos pela 5ª Vara da Justiça Federal de Santos. Entre os presos o então diretor-presidente, Alex Oliva, o diretor de relações com mercado e comunidade, Cleveland Lofrano, além do superintendente jurídico da Codesp, Gabriel Nogueira Eufrasio. 

Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira, o conselho de administração da Codesp informou que a substituição levou em consideração a consciência da “responsabilidade e comprometimento com a governança e operação do maior porto da América Latina”. A companhia informou ter tomado conhecimento da operação durante reunião ordinária que estava previamente programada para hoje. O Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA) indicou Ogarito Borgias Linhares para ocupar a presidência do conselho de administração da Codesp, após indicação da diretoria executiva da companhia. 

O nome da operação policial remete a Tritão, na mitologia grega, conhecido como o rei dos mares. A investigação, que começou no ano passado, teve a participação do Ministério Público Federal (MPF), da Controladoria Geral da União (CGU), do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Receita Federal. As suspeitas de irregularidades surgiram com um vídeo postado na internet em setembro de 2016, no qual Carlos Antônio de Souza, assessor do presidente da Codesp, confessava a prática de diversos delitos ocorridos na empresa. O inquérito teve início em novembro de 2017, após informação sobre o conteúdo do vídeo ser enviada pelo Ministério Público Federal à PF, para que fosse feita uma investigação policial a partir dos fatos que ele narrava.

Os autos apontaram irregularidades em vários contratos, que seriam realizados por meio de fraudes envolvendo agentes públicos ligados a estatal e a empresários. Dentre as irregularidades apuradas, as investigações identificaram contratações antieconômicas e direcionadas, aquisições desnecessárias e ações adotadas para simular a realização de serviços. Segundo a PF, os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de associação criminosa, fraude a licitações, corrupção ativa e passiva, com penas de 1 a 12 anos de prisão.

 

MP denuncia ex-prefeito de São Carlos por lavagem de dinheiro

O Ministério Público apresentou denúncia à 1ª Vara Criminal de São Carlos por lavagem de dinheiro contra 14 pessoas que integravam uma organização criminosa que fraudava licitações para a compra de gêneros alimentícios da merenda escolar das escolas públicas daquele município. A denúncia (acusação formal), apresentada no dia 15, já foi recebida pela Justiça. Entre os denunciados estão o ex-prefeito de São Carlos, João Otávio Dagnone de Melo, e quatro ex-secretários municipais: Márcio José Rossit (Finanças), Nilson Passoni (Educação e Cultura), Carlos Alberto Garcia (Coordenação de Gabinete) e Antonio Francisco Garcia (Coordenação de Gabinete durante o segundo mandato de Dagnone de Melo), além de funcionários públicos municipais e comerciantes.

De acordo com a denúncia, o esquema funcionou de 1997 a 2000, durante a segunda gestão de João Otávio Dagnone de Melo na Prefeitura de São Carlos. A empresa “Miranda e Muno Ltda” concorria em diversas licitações de gêneros alimentícios para a composição da merenda escolar. As licitações, entretanto, eram fraudulentas porque as demais concorrentes eram empresas irregulares ou empresas de “laranjas” dos sócios da “Miranda e Muno”. Com esse esquema, a “Miranda e Muno” vencia as concorrências com preços superfaturados e depois entregava parte dos valores pagos pela Prefeitura aos demais membros da organização, como forma de gratificação pela fraude.

Nesse período, o então prefeito Dagnone de Melo teria recebido pelo menos R$ 23 mil do esquema. Também foram beneficiados os secretários municipais da época Carlos Alberto Garcia, com R$ 51 mil, Antonio Francisco Garcia, com R$ 19 mil, e Wilton Hirotoshi Mochida, então chefe de Divisão de Compras na Prefeitura, com R$ 20,8 mil.

De acordo com o promotor Luiz Fernando Garcia, todos movimentaram, tiveram em depósito e transferiram dinheiro proveniente de crimes cometidos contra a administração pública e por organização criminosa, “tudo com o objetivo de ocultar e dissimular a sua origem, natureza e utilização”, conforme ficou provado no inquérito policial que apurou o caso. O inquérito soma 395 volumes.

O ex-prefeito João Otávio Dagnone de Melo, os ex-secretários municipais Nilson Passoni, Carlos Alberto Garcia e Antonio Francisco Garcia e o ex-chefe de Compras Wilton Hirotoshi Mochida foram denunciados por crime continuado de lavagem de dinheiro, juntamente com os irmãos Ivan Ciarlo e Ivaldo Ciarlo, sócios da “Miranda e Muno Ltda.”, Mara Mônica Salomão de Oliveira, funcionária da empresa, Claudionor Cruz, dono de empresa “laranja” utilizada no esquema, Valdir Maia Júnior, proprietário de outra empresa “laranja” utilizada no esquema; Domingos Pereira do Pinho, então secretário executivo de Coordenação de Gabinete, e Paulo Fernando Rodrigues, “laranja” dos irmãos Ciarlo.

Também foram denunciados o ex-secretário Márcio José Rossit e Cleide Tobias Marques, à época chefe da Divisão de Alimentação Escolar da Prefeitura de São Carlos, porque participaram da associação sabendo que sua atividade principal se destinava à prática de crimes cometidos por organização criminosa e contra a administração pública.  O grupo não foi denunciado por formação de quadrilha e fraude à licitação porque esses crimes já prescreveram.