“Somente para o Grupo Triunfo, controlador da Econorte, Adir Assad faturou R$ 85 milhões em notas frias. Já para o Grupo CCR, controlador da Rodonorte, foram produzidas notas frias que somaram R$ 45 milhões”, afirmam os procuradores.
Os procuradores destacam que somente nesse esquema foram pagos aproximadamente R$ 35 milhões, sem atualização monetária. Os pagamentos duraram até o final de 2015.
Pagamentos mensais ao DER-PR
A investigação também aponta que, em paralelo ao esquema de arrecadação de propina via ABCR, há evidências de que, em janeiro de 2011, foi implementado no governo estadual do Paraná um esquema de pagamentos de propinas mensais de aproximadamente 2% dos valores de cada contrato vigente com os fornecedores do DER.
Cabia ao operador financeiro Aldair Petry, conhecido como Neco, o recolhimento mensal dos valores que eram pagos em espécie, que totalizam aproximadamente R$ 500 mil, segundo o MPF.
Os procuradores afirmam que o esquema durou até 2014 e que nesse período teriam sido pagos aproximadamente R$ 20 milhões em propinas.
Conforme o procurador Diogo Castor, “foi investigado um esquema que começa no governo Jaime Lerner, passa pelo governo Roberto Requião e continua no governo Beto Richa”.
Jaime Lerner governou o Paraná de 1995 a 2003. Roberto Requião (MDB) é senador, candidato a reeleição e foi governador do estado por três mandatos.
A defesa do ex-governador Beto Richa afirmou que ele nunca foi condescendente com desvios de qualquer natureza e é o maior interessado na investigação de quaisquer irregularidades.
O advogado que representa Pepe Richa, que foi secretário estadual de Infraestrutura e Logística na gestão de Beto Richa, informou que Pepe Richa não foi chamado pela Polícia Federal para esclarecer quaisquer fatos relacionados à investigação e que a defesa não teve acesso aos autos.
“O ex-secretário seguirá colaborando com a Justiça e confia que sua inocência restará provada na conclusão do processo”, afirma o advogado.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) informou que está contribuindo com as autoridades no fornecimento de informação e que não teve acesso aos autos do processo.
No mesmo sentido, O Grupo CCR informou que tem contribuído com as investigações. Em nota encaminhada à imprensa, o grupo afirmou que contituiu, em fevereiro deste anos, um comitê para investigar fatos relacionados à operação.
“Os trabalhos do Comitê Independente estão adiantados e, assim que concluídos, seus resultados serão reportados ao Conselho de Administração e autoridades”, diz trecho da nota.
A defesa de Roberto Requião afirmou que o senador “denuncia a corrupção no pedágio desde que ele foi criado e tomou todas as medidas que podia tomar”.
Ainda segundo a defesa, Requião “entrou com uma dezena de ações judiciais que nunca foram acolhidas pelo Judiciário, e nunca deu reajuste que eles pediram”. A defesa afirmou ainda que “infelizmente, os corruptos só foram presos quase 20 anos depois., mas antes tarde do que nunca”.
A defesa do ex-governador Jaime Lerner disse que os procuradores da Operação Lava Jato, quando se referem a Jaime Lerner, “não sabem o que estão falando, querem achar um bode expiatório”.
A concessionária Caminhos do Paraná afirmou que considera a prisão de profissionais ligados à empresa desnecessária. Segundo a concessionária, a empresa “tem prestado os esclarecimentos necessários e jamais negou colaboração”.
“A Caminhos do Paraná reforça seu compromisso com a transparência e a integridade e está colaborando com a Justiça, prestando todos os esclarecimentos solicitados e visando a completa elucidação dos fatos.”
A Ecovia e a Ecocataratas também afirmaram que estão colaborando com as autoridades e reafirmam o compromisso com a transparência e a ética em todas as relações profissionais.
Procurados pela reportagem, o DER-PR e a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (SEIL) afirmaram que está colaborando a 55ª fase da Operação Lava Jato.
“Desde abril de 2018, ambos os órgãos estão sob nova direção, que não toleram práticas de corrupção”, diz trecho da nota.
Por meio de nota oficial, a Agepar afirmou que as denúncias se referem a condutas individuais e “não podem ser consideradas como elemento que comprometa o trabalho da agência.”
A concessionária Viapar informou que “sempre cumpriu todas as regras legais e está comprometida em atender ao contrato de concessão, de forma ética e transparente”.
Ainda conforme a Viapar, a empresa sempre esteve à disposição das autoridades públicas para auxiliar nos esclarecimentos necessários para a elucidação dos fatos. “A concessionária vai se pronunciar prontamente junto às autoridades assim que se inteirar totalmente dos autos”.
A Triunfo Participações e Investimentos, concessionária Econorte, afirmou que “sempre contribuiu de forma transparente com as investigações ligadas à companhia e suas controladas. A Companhia disse que está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários.