Operação Carbono 14 da Lava Jato prende dono de jornal e ex-secretário do PT

O empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário do Grande ABC e da empresa Viação Expresso Santo André, preso hoje na operação Carbono 14 na 27ª fase da Lava Jato, teria recebido, segundo o procurador do Ministério Público Federal Diogo Castro, R$ 6 milhões dos R$ 12 milhões obtidos em negócios que envolvem a Petrobras e o Banco Schahin.

Os repasses tiveram como intermediários o pecuarista José Carlos Bumlai e o frigorífico Bertin, até chegar à empresa Expresso Santo André, de Ronan Pinto. Segundo o procurador, essas operações financeiras foram citadas pelo publicitário Marcos Valério em 2012, e puderam ser confirmadas a partir das quebras dos sigilos fiscais e bancários dos investigados.

“Nosso objetivo é esclarecer a lavagem de dinheiro, crime cometido pelo Banco Schahin. A razão para receber esses valores é a grande pergunta que os investigadores querem fazer. Nossa suspeita é que esses repasses foram feitos para pagar divida de campanha para a prefeitura de Campinas, na época”, disse o procurador em coletiva de imprensa na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR).

De acordo com a acusação do Ministério Público Federal (MPF), Bumlai teria usado contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin. Segundo os procuradores, investigados que assinaram acordos de delação premiada revelaram que o empréstimo de R$ 12 milhões se destinava ao PT, e foi pago mediante a contratação da Construtora Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.

O ex-secretário geral do PT, Sílvio José Pereira, investigado também no caso do Mensalão, foi, segundo Castro, “o principal articulador do PT com Marcos Valério. Há indícios de que ele arquitetou o esquema de empréstimo fraudulento junto ao banco”, disse o procurador. “Há similaridades com metodologia adotada no Mensalão, pelo uso de instituição financeira para pagamento de empréstimos fraudulentos, tendo como retorno favores do governo federal. Neste caso, o pagamento foi a utilização de contrato com a Petrobras”.

Carbono 14

A 27ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada na manhã de hoje (1º) para investigar a prática de crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, segundo a PF. Nesta fase, denominada Operação Carbono 14, estão sendo cumpridas 12 ordens judiciais: três mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva em na capital paulista, um mandado de busca e apreensão e um de prisão temporária em Carapicuíba (SP), um mandado de busca e apreensão em Osasco (SP) e três mandados de busca e apreensão, além de um de prisão temporária em Santo André (SP).

“Nesta nova fase de investigações, busca-se identificar o caminho do dinheiro obtido junto ao banco, em benefício do PT. O dinheiro saiu do banco, foi ao Bumlai, ao frigorífico Bertin e, depois, foi destinado aos beneficiários finais. Pelo menos R$ 6 milhões foram repassados à empresa do Rio de Janeiro chamada Remark Assessoria, que repassou praticamente todo o valor, R$ 5,7 milhões, para a empresa Expresso Nova Santo André, de Ronan Maria Pinto”, disse o procurador.

Cinquenta policiais estão envolvidos nesta operação. Os presos serão encaminhados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, enquanto aqueles conduzidos para depoimentos serão ouvidos na cidade de São Paulo.

Esta fase foi chamada de Operação Carbono 14 em referência a procedimentos usados pela ciência para a datação de itens e a investigação de fatos antigos.

Sílvio Pereira e Ronan Maria Pinto estão presos. A Agência Brasil entrou em contato com o escritório de advocacia de Sílvio José Pereira, mas até o momento não obteve o retorno. Por meio de nota, Ronan Maria Pinto disse “não ter relação com os fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas”. O empresátrio acrescentou que sempre esteve à disposição para esclarecer as dúvidas dos investigadores sobre o caso.

Neste momento, policiais federais estão na sede do Diário do Grande ABC, de propriedade de Ronan Maria Pinto, cumprindo mandado de busca e apreensão.

Operador da Lava Jato que estava foragido é preso em Portugal

25ª fase da operação foi deflagrada nesta segunda-feira (21), em Lisboa.
Raul Schmidt foi preso suspeito de envolvimento em pagamento de propinas.

 

Operador da Lava Jato que estava foragido é preso em Portugal
25ª fase da operação foi deflagrada nesta segunda-feira (21), em Lisboa.
Raul Schmidt foi preso suspeito de envolvimento em pagamento de propinas.

A polícia judiciária portuguesa cumpriu, na madrugada desta segunda-feira (21), a 25ª fase da Operação Lava Jato, em Lisboa. O operador financeiro Raul Schmidt Felippe Junior, que estava foragido desde julho de 2015, foi preso preventivamente. Esta foi a primeira operação internacional realizada pela Lava Jato e foi batizada pelas autoridades portuguesas de ‘Polimento’.

Schmidt é alvo da 10ª fase da operação e suspeito de envolvimento em pagamento de propinas aos ex-diretores da Petrobras Jorge Zelada, Renato de Souza Duque e Nestor Cerveró – que também foram presos na Lava Jato e estão detidos no Paraná. Segundo a Polícia Federal do estado, Raul Schmidt é tido como sócio de Zelada.

Além de atuar como operador financeiro, Schmidt aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da estatal, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo as autoridades portuguesas, Schmidt foi preso às 7h (horário local) no apartamento onde morava em Lisboa. No imóvel também foram apreendidos obras de arte e documentos. Schmidt foi levado para o prédio da polícia judiciária portuguesa e deve se apresentar nesta terça ao Tribunal de Lisboa. Ele já está acompanhado de advogados.

As investigações apontam que o imóvel onde ele vivia está avaliado em cerca de 3 milhões de euros e que estaria em nome de uma offshore da Nova Zelândia.

A PF informou que Raul Schmidt permanecerá preso em Portugal enquanto é analisada a possibilidade de extradição e que o compartilhamento de provas colhidas auxiliará nos trabalhos desenvolvidos pela equipe da Lava Jato no Brasil.

O nome de Raul Schmidt já tinha sido incluído no alerta de difusão da Interpol em outubro do ano passado.

Primeira operação internacional
A deflagração da operação Polimento foi um trabalho conjunto entre Portugal e Brasil, sendo que o cumprimento das medidas foi feito pela polícia judiciária portuguesa e pelo Ministério Público português. Autoridades brasileiras do MPF e da PF acompanharam as diligências.

Raul Schmidt é brasileiro e também possui nacionalidade portuguesa. Ainda segundo o MPF, ele vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e se mudou para Portugal após o início da operação Lava Jato, em virtude da dupla nacionalidade.

24ª fase
A 24ª fase foi deflagrada no dia 4 de março e foi batizada de “Aletheia”. Um dos alvos dos mandados de condução coercitiva foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o MPF, Lula é investigado por haver indícios de que ele cometeu os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht.

Há evidências, segundo as investigações, de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema descoberto na Petrobras por meio de um apartamento triplex do Condomínio Solaris, em Guarujá (SP).

O depoimento referente ao cumprimento do mandado durou pouco mais de três horas e foi colhido em uma sala reservada da PF no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Logo depois, os advogados de Lula emitiram nota afirmando que a condução foi ilegal.

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também teve um mandado de condução expedido e teve que prestar esclarecimentos à PF.

Grampos divulgados
Na última quarta-feira (16), Lula foi anunciado como novo ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff. No cargo, ele não poderia mais ser investigado pelo juiz Sérgio Moro na Justiça Federal. O ex-presidente passaria a ter foro privilegiado, podendo ser investigado apenas pela Procuradoria-Geral da República com o aval do Supremo Tribunal Federal (STF).

No mesmo dia do anúncio, Moro decidiu levantar o sigilo do conteúdo de apurações contra o ex-presidente, que incluía escutas telefônicas entre Lula e a presidente Dilma.

O juiz disse que Lula sabia ou desconfiava que estava sendo monitorado na Lava Jato e que só autorizou o monitoramento telefônico do ex-presidente. Segundo Moro, as autoridades com foro privilegiado, como Dilma, que aparecem nas ligações ou ligaram ou receberam ligações de Lula.

Posse suspensa
Lula chegou a tomar posse no cargo na quinta-feira (17), mas minutos depois uma liminar do juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal, suspendeu a posse. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu, e conseguiu derrubar a liminar.

Mas várias outras ações na Justiça que pediam que Lula não assumisse o cargo causaram uma onda de decisões contra ou a favor do presidente, e a AGU recorreu então ao STF para que suspendesse todas as ações até a Corte decidir sobre o caso.

Na sexta (18), o ministro do STF Gilmar Mendes suspendeu a nomeação de Lula para a Casa Civil. Na decisão, Mendes afirmou ter visto a intenção de Lula em fraudar as investigações sobre ele na Lava Jato. Além de suspender a nomeação de Lula, Gilmar Mendes também determinou, na mesma decisão, que a investigação do ex-presidente seja mantida com o juiz federal Sérgio Moro.

No sábado (19), a AGU entrou com um recurso no STF contra a decisão de Gilmar Mendes.

Neste domingo (20), advogados de Lula enviaram ao ministro do STF Teori Zavascki pedido para que ele seja o responsável pela análise das ações que tramitam no tribunal sobre a posse do ex-presidente na Casa Civil. Para os advogados de Lula, o fato de Teori ser o relator da Lava Jato no STF faz com que, “ao menos provisoriamente”, ele seja o ministro responsável para analisar o caso.

Operação Aletheia investiga obras em sítio e tríplex ligados a Lula

A 24ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Aletheia, foi deflagrada nesta sexta-feira

São Paulo – A 24ª fase da Operação Lava-Jato, nomeada Operação Aletheia, foi deflagrada com base em investigações sobre a compra e reforma de um sítio em Atibaia frequentado pelo ex-presidente Lula, o fato de sua mudança ter sido transportada para o local e a relação desses episódios com empreiteiras investigadas, além da relação dele com um tríplex no Guarujá reformado pela OAS.

A investigação que atinge em cheio o principal nome do PT ocorre um dia depois de vir à tona a delação do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS) na qual o parlamentar afirma que a presidente Dilma Rousseff teria atuado para interferir nas investigações no Judiciário e de que Lula teria pedido para ele procurar o filho de Nestor Cerveró para evitar que o ex-diretor da estatal não implicasse José Carlos Bumlai.

Ainda segundo o senador, que foi solto recentemente pelo Supremo após ser preso em flagrante por tentar prejudicar as investigações, o ex-presidente teria demonstrado preocupação com as investigações da Operação Zelotes sobre compra de Medidas Provisórias em seu governo e que envolvem seu filho Fábio Luís Lula da Silva e pedido para ele evitar que os lobistas investigados no esquema fossem convocados para depor na CPI do Carf no Senado.

 

Filhos de Bumlai são levados pela PF a depor sob vara

Computadores e celulares dos três foram apreendidos no hotel

Os filhos do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo intimo do ex-presidente Lula, também são alvo de investigação na Operação Passe Livre, deflagrada nesta terça-feira (24). Os dois foram encaminhados para a Sede da Polícia Federal em Brasília para prestarem depoimentos.

Os computadores e celulares de Bumlai e dos filhos foram apreendidos no hotel onde eles estavam hospedados na Capital Federal. O pecuarista prestaria depoimento à CPI do BNDES.

Foram cumpridos outros mandados de busca e apreensão na residência e nas empresas de Bumlai no Mato Grosso do Sul.

Amigo de Lula, pecuarista de MS foi preso em operação feita a pedido de Moro, diz revista

O pecuarista sul-mato-grossense José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi preso em operação deflagrada pela força-tarefa da Lava Jato para atender pedido feito por Sérgio Moro. Conforme reportagem do fim de semana da revista Veja e do The Intercept Brasil, o ministro da Justiça e Segurança Público cobrou prisão de impacto e definiu os prazos para que a denúncia fosse recebida antes do recesso do Judiciário em 2015.

As novas revelações reforçam as acusações contra o magistrado, de que atuou ao lado da acusação e feriu o princípio constitucional da imparcialidade. As conversas ocorreram por meio do aplicativo de mensagens Telegram.

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De acordo com Veja, em conversas feitas no Telegram, no dia 13 de outubro de 2015, o procurador Paulo Galvão, o PG, menciona a cobrança do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba. “Estava lembrando aqui que uma operação tem que sair no máximo até por volta de 13/11, em razão do recesso e do pedido do russo (Moro) para que a denúncia não saia na última semana”, disse.

O interlocutor, o procurador Robson Pozzobon concorda. “Após, isso vai ficar muito apertado para denunciar”, disse. “Uma grande operação por volta desta data seria o ideal. Ainda é próximo da proclamação da república, rsrs”, acrescenta, rindo.

Com autorização de Sérgio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a Operação Passe Livre no dia 24 de novembro de 2015. Bumlai foi preso pelo empréstimo de R$ 12 milhões concedido em 2004 pelo Banco Schahin, que teria sido repassado ao PT. O dinheiro seria propina da Schahin Engenharia, que ficou com o navio-sonda Vitória 10.000 da Petrobras.

Os procuradores cumpriram a risca a recomendação do magistrado e protocolaram a ação penal no dia 14 de dezembro de 2015. Sérgio Moro aceitou a denúncia no dia seguinte.

Sobre este caso, Veja e o The Intercept Brasil reproduzem outro diálogo entre Moro e Deltan Dallagnol, onde o magistrado cobra manifestação do MPF no pedido de habeas corpus do pecuarista. “Preciso de manifestação mpf no pedido de revigação da preventiva do bmlai até amanhã meio dia”, pede.

“Ok, será feito”, responde o procurador chefe da Lava Jato. Em seguida, Dallagnol envia decisões de magistrado sobre prisões para que Moro as utilize quando “precisar prender alguém”.