Operação Caipora: MPF/SE recorre da absolvição de três réus

O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) entrou com apelação na Justiça Federal contra parte da sentença que absolveu Luiz Cláudio Almeida Daniel, Gilson Vicente de Menezes e Luiz Ricardo Gomes de Oliveira dos crimes de corrupção ativa, tráfico de influência e facilitação de contrabando. No recurso, o MPF/SE contesta também a quantidade das penas aplicadas e pede o cumprimento de acordo de delação premiada.

No mês passado, doze investigados na Operação Caipora foram condenados pelo juiz federal da 6ª Vara Federal, sediada em Itabaiana. Dentre esses, Luiz Cláudio Almeida Daniel responde pelos crimes de formação de quadrilha, descaminho e corrupção passiva. Contudo, o procurador da República Ruy Nestor Bastos Mello, que acompanhou as investigações da Polícia Federal, apresentou provas de que Daniel também cometeu corrupção ativa. Segundo o recurso, ele oferecia propina a policiais para que omitissem o contrabando.

Já Gilson Vicente de Menezes, conhecido como Carlão, foi inocentado dos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência. No recurso, o MPF/SE insistiu, através de provas, que Carlão se passava por agente da Polícia Federal para propor favores e conseguir dinheiro da quadrilha, o que também se configura como crime. O MPF/SE contesta ainda a absolvição do policial federal Luiz Ricardo Gomes de Oliveira, uma vez que ele facilitou o contrabando ao ser omisso.

Penas

O procurador da República Ruy Nestor Bastos Mello também discute, no recurso, as doses das penas aplicadas pelo juiz aos outros réus. Segundo o documento, na fase de dosimetria da pena, é necessário que sejam observados registros de antecedentes criminais e usados critérios equânimes em função da continuidade delitiva, além de corrigir a aplicação errônea da atenuante da confissão para alguns dos sentenciados.

Acordo de Delação

O MPF/SE registra na apelação a necessidade de correção da pena imposta para se adequar aos parâmetros fixados em acordo de delação premiada em favor da ré Cleide Gonçalves Otarola, que colaborou na instrução processual. Segundo o procurador, a sentença impôs penas mais graves à ré do que as previstas no acordo, cabendo assim sua correção.

Histórico

Em julho de 2007, 14 pessoas foram presas na Operação Caipora, realizada nos estados de Sergipe, São Paulo, Paraná e Bahia. O MPF/SE denunciou os presos, acusando-os de fazer parte de uma organização criminosa que, auxiliada por agentes públicos, contrabandeava cigarros e outros produtos de origem estrangeira. A Operação Caipora foi fruto da ação conjunta do MPF/SE e da Polícia Federal.

O processo agora será encaminhado ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região para julgamento da apelação do MPF/SE e de eventuais recursos dos réus.

Operação Caipora: MPF/SE denuncia 14 pessoas
 
 

Elas respondem por contrabando, corrupção, tráfico de influência, evasão de divisas e formação de quadrilha.

O Ministério Público Federal (MPF) em Sergipe apresentou denúncia na 6ª Vara da Justiça Federal contra as 14 pessoas que foram presas na Operação Caipora, realizada no dia 13 de junho deste ano em Sergipe, São Paulo, Paraná e Bahia. Elas são acusadas de fazer parte de uma organização criminosa que praticava contrabando de cigarros e outros produtos de origem estrangeira. A Operação Caipora foi fruto da ação conjunta do MPF e da Polícia Federal.

Entre os denunciados estão comerciantes de Lagarto, Tobias Barreto, Itabaiana e São Paulo, além de Luiz Cláudio Almeida Daniel, agente da Polícia Civil, e Luiz Ricardo Gomes de Oliveira, agente da Polícia Federal, ambos com atuação em São Paulo. Todos estão presos em Sergipe, com exceção do policial federal, que está custodiado na carceragem da PF/SP, mas que já tem ordem de recambiamento para o quartel geral da Polícia Militar de Sergipe.

Os denunciados deverão responder por infrações penais como descaminho, corrupção ativa e passiva, facilitação de contrabando, tráfico de influência, evasão de divisas e formação de quadrilha.

“Considerando que todos permanecem presos, a denúncia deve ser recebida em breve pelo juízo competente. Esperamos que, confirmadas as muitas provas até aqui produzidas, todos os envolvidos sejam condenados pelos crimes que praticaram”, disse o procurador da República Ruy Nestor Bastos Mello, que assina a denúncia junto com os também procuradores Eduardo Botão Pelella e Bruno Calabrich.

Juntamente com a denúncia, composta de 67 páginas, o MPF requisitou a abertura de novos inquéritos pela Polícia Federal para apurar o envolvimentos de outros comerciantes no estado de Sergipe em crimes semelhantes.

O trabalho de investigação começou em novembro de 2006 e existem no processo, que segue em sigilo, interceptações e monitoramentos telefônicos, filmagem de membro da quadrilha efetuando a entrega de cigarros introduzidos ilegalmente no território nacional vindos do Paraguai, fotografias e informações, além de faxes comprobatórios de depósitos bancários destinados ao pagamento dos produtos contrabandeados.

A organização criminosa funcionava como uma empresa, com divisão de tarefas e hierarquia bem definida, com conexão interestadual e internacional.

Veja quem foi denunciado:
1 – José Hipólito de Carvalho, comerciante em Lagarto (SE), atualmente custodiado no Complexo Penitenciário (Copemcan) em São Cristóvão (SE);
2 – José Adenilson de Lima, comerciante em Lagarto, atualmente custodiado no Copemcan em São Cristóvão;
3 – Eraldo Júnior de Faria, autônomo em Lagarto, atualmente custodiado no Copemcan;
4 – Josefa Valdomira de Souza, contadora em Lagarto e Aracaju, atualmente custodiada no Presídio Feminino;
5 – Domingos Cota do Nascimento, comerciante em Lagarto, atualmente custodiado no Copemcan;
6 – Joseene Alves do Nascimento, autônoma em Lagarto e atualmente custodiada no Presídio Feminino;
7 – Clodoaldo Rodrigues Santana, conhecido como “Gordinho”, autônomo em Tobias Barreto, atualmente custodiado no Copemcan;
8 – José Valtemir dos Santos, conhecido como “Fuminho”, motorista em Itabaiana, atualmente custodiado no Copemcan;
9 – Cleide Gonçalves Otarola, autônoma em São Paulo, atualmente custodiada no Presídio Feminino;
10 – Ramiro Teles dos Santos, desempregado, natural de Santa Luzia do Itanhi (SE) e com endereço em São Paulo. Atualmente custodiado no Copemcan;
11 – Luiz Cláudio Almeida Daniel, agente policial em Mauá (SP), atualmente custodiado no Batalhão da Polícia Militar de Sergipe;
12 – Gilson Vicente de Menezes, conhecido como Carlão, autônomo em São Paulo, ex-agente da Polícia Federal, atualmente custodiado no Batalhão da Polícia Militar de Sergipe;
13 – Luiz Ricardo Gomes de Oliveira, agente da polícia federal em São Paulo, atualmente custodiado na carceragem da SR/DPF/SP, mas com ordem de recambiamento para o Batalhão da PM/SE;
14 – Valdir Pereira de Souza, conhecido como “Passarinho”, autônomo em Foz do Iguaçu/PR, atualmente custodiado no Copemcan.