MP pede condenação de Cury por importunação sexual contra Isa Penna: ‘Abraçou e deslizou as mãos pela costela e seio da vítima’

Em 2020, quando era deputado estadual, ele foi flagrado por câmera na Alesp abraçando deputada à época por trás. Pena para o crime é de 1 a 5 anos de prisão, mas promotora pede que ele seja condenado em regime aberto pela Justiça. Réu nega acusação.

O Ministério Público (MP) pediu nesta semana à Justiça a condenação do ex-deputado estadual Fernando Cury (ex-Cidadania e atualmente no União Brasil) pelo crime de importunação sexual contra a também a ex-deputada estadual Isa Penna (PCdoB).

Segundo a promotora Anna Paula de Souza de Moraes, Cury “abraçou e deslizou as mãos pela costela e seio da vítima”, Isa, como mostram as imagens gravadas no dia 16 de dezembro de 2020 pelas câmeras do circuito interno de segurança da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) (veja vídeo abaixo).

Naquela ocasião, o então deputado abraçou por trás a parlamentar durante votação do orçamento do estado para 2021.

Os dois ex-deputados e testemunhas já foram ouvidos no processo. Caberá agora a Justiça decidir se condena Cury.

A sentença ainda não havia sido dada pela juíza Danielle Galhano Pereira da Silva, da 18° Vara Criminal, do Fórum da Barra Funda, até a última atualização desta reportagem.

De acordo com a lei, a pena para o crime de importunação sexual pode variar de um a cinco anos de prisão, que poderá ser cumprido em regime aberto.

A promotora, entretanto, pede pena máxima pelo fato de o crime ter sido cometido enquanto ele era deputado estadual e deveria exercer o mandado com dignidade.

O ex-deputado é réu no processo e responde ao crime em liberdade. Tanto Cury quanto sua defesa já negaram a acusação de que ele cometeu “ato libidinoso” contra a ex-deputada.

Um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica de São Paulo analisou as imagens do vídeo e informou que não era possível “determinar com convicção” que o ex-parlamentar tenha apalpado o seio de Isa.

O Tribunal de Justiça (TJ) recebeu a denúncia do Ministério Público contra Cury em dezembro de 2021.

À época, a defesa de Fernando Cury alegou que ele “não teve a intenção de desrespeitar a colega do PSOL ou assediá-la” no que chamou de “leve e rápido abraço”, mas a até então deputada o acusou ao Conselho de Ética da Casa Legislativa e defendeu a cassação do mandato dele.

Ainda em 2021, Cury foi suspenso do mandato por seis meses pelo Conselho de Ética da Alesp. Depois acabou expulso do partido Cidadania. Ele migrou depois para o União Brasil.

Em setembro de 2023, quando laudo pericial sobre os vídeos foi concluído, os advogados de Cury foram procurados pelo g1 para comentar o assunto e disseram, naquela ocasião, que ele “só reforça aquilo que a defesa sempre argumentou: Que não houve ato libidinoso e tampouco intenção do Fernando de praticar esse delito”.

Segundo Ezeo Fusco Júnior, advogado de Cury, “esse laudo é importante prova para a defesa no sentido de demonstrar a inocência do acusado”.

Também no mês passado, a reportagem entrou em contato com Isa, que teve um outro entendimento da conclusão do laudo sobre os vídeos. Disse que ele atesta o que de fato aconteceu.

“O toque na lateral do meu seio, bem como a minha imediata reação. O laudo não deve e nem pode falar se aconteceu o assédio, se limitando a definições técnicas. A decisão é da juíza. A estratégia da defesa era de dizer que não houve toque, o laudo confirma que houve”, disse a ex-deputada.

A deputada ainda reforçou que “que precisamos educar a sociedade lembrando que o assédio e a importunação sexual não precisam de toque para serem configurados, há assédio e importunação sem toque nenhum.”

 

Laudo do IC comprova toque de ex-deputado Fernando Cury em Isa Penna, mas não conclui se ele apalpou seio dela

Cury foi flagrado por câmera na Alesp no dia 16 de dezembro de 2020 abraçando deputada por trás, tocando nos seios dela, e responde a processo por importunação sexual. Defesa do ex-parlamentar pediu perícia das imagens e documento foi emitido pelo Instituto de Criminalística no dia 25 de setembro.

Um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo aponta que a ex-deputada Isa Penna (PCdoB) foi tocada pelo ex-deputado Fernando Cury (União Brasil), mas diz não ser possível “determinar com convicção” que ele tenha apalpado o seio dela.

A perícia nos vídeos feitos por uma câmera na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em 16 de dezembro de 2020, quando ocorreu o caso, foi pedida pela defesa de Cury no processo de importunação sexual em que o Ministério Público de São Paulo acusa o ex-deputado estadual.

“Não é possível, apenas analisando as imagens, determinar com convicção ter havido qualquer tipo de apalpação dos seios, porém, pode-se observar o contato da mão direita do envolvido, junto à parte lateral superior direita do corpo da envolvida, na altura das suas costelas”, diz o documento.

O laudo, de 73 páginas, foi concluído no dia 25 de setembro de 2023 e é assinado pela perita Vilma Menegasso Soares.

A análise das imagens foi determinada pela juíza Danielle Galhano Pereira da Silva, da 18° Vara Criminal, do Fórum da Barra Funda. A perita respondeu a 11 quesitos formulados pela defesa do ex-deputado e indeferiu três deles.

O g1 entrou em contato com a ex-deputada Isa Penna e com os advogados de Cury e aguarda retorno.

Audiências de instrução
No dia 10 de agosto foi realizada mais uma etapa da audiência de instrução e julgamento do ex-deputado estadual Fernando Cury, acusado de importunação sexual contra a também ex-parlamentar Isa Penna.

A advogada e ex-deputada estadual Isa Penna foi ouvida no dia 26 de julho. Já Cury foi interrogado por videoconferência. O ex-deputado estava em Botucatu, interior de SP.

Além de Cury, também foram ouvidas as testemunhas de acusação e as testemunhas de defesa.

Relembre o caso
Em dezembro de 2020, uma câmera de segurança da Alesp flagrou o momento em que Cury passou a mão no seio da colega no plenário, em um abraço por trás, durante a votação do orçamento do estado para 2021.

Cury foi suspenso do mandato por 180 dias pelo Conselho de Ética da Alesp e expulso do partido Cidadania.

O Tribunal de Justiça recebeu a denúncia do Ministério Público contra Cury em dezembro de 2021.

Ele só foi notificado em outubro de 2021. À época, a defesa de Fernando Cury alegou que ele “não teve a intenção de desrespeitar a colega do PSOL ou assediá-la” no que chamou de “leve e rápido abraço”, mas a até então deputada o acusou ao Conselho de Ética da Casa Legislativa e defendeu a cassação do mandato dele.

A punição de seis meses implicou a paralisação do mandato e do gabinete de Cury, com a consequente posse do suplente, Padre Afonso (PV), que integrava a coligação que o elegeu e que pôde formar sua própria equipe.