PF prende 12 acusados de fraudar INSS

A Polícia Federal prendeu ontem 12 pessoas acusadas de fraude contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no Amazonas. Foram presos o gerente-executivo do instituto no Estado, Alexandre Sampaio Caxias, outros sete funcionários do INSS, dois funcionários de prefeituras envolvidas na fraude e duas empresárias. Uma pessoa estava foragida até as 20h.
Escutas telefônicas, filmagens e quebra de sigilos fiscal e bancário embasaram as acusações de corrupção ativa e passiva, improbidade administrativa e formação de quadrilha, entre outras.
A ação foi executada por cem policiais vindos de outros Estados (MG, AC, RO e RR) e do DF, que cumpriram, a partir das 6h, ordens de prisão determinadas pelo juiz federal Dimis da Costa Braga. As investigações começaram em junho de 2003.
A operação foi batizada de Matusalém (nome do homem que mais viveu, de acordo com a Bíblia), em referência aos beneficiários do INSS, em geral, idosos.
De acordo com a Polícia Federal, a fraude começava quando a União fazia o repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Do repasse, era descontado dinheiro para quitar eventuais dívidas das prefeituras com o INSS. Algumas prefeituras, depois de saldar os débitos, ficavam com crédito.
Sabendo do crédito, auditores fiscais elevavam os valores das restituições. Para agilizar os processos, cobraram propina de 15 a 20%, segundo as investigações.
As 62 prefeituras do Amazonas estão sendo investigadas por uma força-tarefa. Dessas, três foram alvos da Operação Matusalém: Humaitá, Coari e Anori.
Em 2003, a prefeitura de Humaitá, por exemplo, recebeu do INSS R$ 1,8 milhão. Os envolvidos no esquema, segundo as investigações, calcularam e chancelaram os créditos, recebendo uma propina de R$ 270 mil. O secretário de Finanças de Humaitá, Hélgio Coelho de Melo, está foragido.

Outro lado
Alberto Simonetti, advogado do gerente-executivo do INSS do Amazonas, Alexandre Sampaio Caxias, disse que o gerente nega envolvimento no esquema.
O advogado de Getúlio Rodrigues Lobo, ex-vice prefeito de Anori, disse que ingressaria ontem com pedido de habeas corpus a favor de seu cliente. A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos demais acusados.

Ex-prefeito de Coari é condenado a 11 anos de prisão

O ex-prefeito do município amazonense de Coari, Adail Pinheiro, foi condenado a onze anos de prisão, em regime fechado, e a pagamento de multa de cerca de R$ 312 mil pela prática de crimes envolvendo recursos da Previdência Social.

Segundo ação do Ministério Público Federal, Adail Pinheiro teria se beneficiado de esquema fraudulento, revelado pela operação Matusalém, que contou com a participação de servidores do INSS no Amazonas e também de representantes de prefeituras municipais do estado. Os desvios somam quase R$ 1,5 mi e teriam ocorrido em 2002 e 2004.

Além dessas fraudes, as investigações apontaram outras irregularidades e concluíram que a dívida da prefeitura municipal de Coari com o INSS é superior a R$ 40 milhões.

Em 2017, a justiça federal condenou outras sete pessoas envolvidas no esquema. Ao todo o MPF apresentou à justiça federal no Amazonas, três ações penais envolvendo 23 integrantes do esquema criminoso.

O ex-prefeito de Coari poderá recorrer da sentença em liberdade. Não conseguimos contato com a defesa de Adail Pinheiro.