PF cumpre 51 mandados em nova fase de operação que investiga corrupção no Ministério da Agricultura

Operação Lucas foi deflagrada em maio deste ano e investiga a participação de frigoríficos e servidores da pasta no esquema. Nesta 2ª fase, mandados judiciais são cumpridos no TO, MA e MG.

A Polícia Federal cumpre, nesta quarta-feira (30), novos mandados na Operação Vegas, que corresponde à 2ª fase da operação Lucas, a qual investiga um esquema de corrupção envolvendo servidores do Ministério da Agricultura e empresas do setor agropecuário fiscalizadas pela pasta. Ao todo, são 51 mandados judiciais sendo cumpridos no Tocantins, nos municípios de Araguaína, Gurupi, Palmas e Paraíso do Tocantins, além dos estados do Maranhão e Minas Gerais.

Do total de mandados, um é de prisão preventiva, 10 de prisões temporárias, 12 de condução coercitiva e 28 de busca e apreensão. Cerca de 115 policiais federais participam da operação. Há equipes da Polícia Federal em um frigorífico e em uma fábrica de gelatinas em Araguaína, além de casas da cidade.

Essa nova fase da operação investiga crimes de corrupção envolvendo servidores do Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento e de frigoríficos e laticínios que ficam em Araguaína, Nova Olinda e Gurupi.

As pessoas investigadas poderão responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, cujas penas podem chegar a 12 anos de reclusão.

O nome da operação é uma alusão a um diálogo interceptado no qual um dos investigados afirma que tudo que se passa em Vegas fica em Vegas.

A operação Lucas foi deflagrada em maio deste ano, em quatro estados e no Distrito Federal. As investigações apontam que o esquema criminoso – que teria a participação da ex-superintendente substituta do Ministério da Agricultura no Tocantins Adriana Carla Feitosa – movimentou cerca de R$ 3 milhões entre 2010 e 2016.

De acordo com a assessoria da PF, a investigação teve início a partir da denúncia de que frigoríficos e empresas de laticínios fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura teriam sido favorecidas em processos administrativos, “por meio do retardamento na tramitação e anulação de multas”.

Em troca de propina, servidores do ministério anulavam multas aplicadas às empresas beneficiadas pelo esquema de corrupção ou operavam para atrasar o andamento dos processos.

Na época, a Justiça Federal determinou o bloqueio de contas bancárias e a indisponibilidade de bens móveis e imóveis que somam R$ 2,2 milhões.

As investigações apontam que a ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Tocantins Adriana Carla era chefe de fiscalização e assumiu a superintendência como substituta. Ela recebia uma espécie de mesada de empresas fiscalizadas para bancar “despesas familiares” dela, do marido e de dois filhos.

O vínculo da ex-superintendente com o esquema de corrupção foi identificado por meio de quebras de sigilos fiscal e bancário, informou a PF. Conforme a corporação, apenas na conta pessoal da servidora foi identificada “uma diferença de mais de 200%” do que ela havia declarado em seu imposto de renda.

As propinas que teriam sido pagas a Adriana podem ter servido até para pagar os custos do velório e do enterro da mãe dela, segundo a PF. Segundo as investigações, ela usava dinheiro de propina para custear despesas com a faculdade de medicina dos filhos, além de viagens turísticas.

 

Saiba quais são os sete frigoríficos e laticínios investigados pela Operação Lucas

A Polícia Federal (PF) deflagrou uma Operação Lucas para desarticular um esquema de corrupção envolvendo servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e empresas do setor agropecuário. São 62 mandados judiciais: dez mandados de prisão temporária, 16 de condução coercitiva e 36 de busca e apreensão. Os mandados estão nos estados de Tocantins, do Pará, Maranhão, de São Paulo e Pernambuco.

Segundo a PF, a investigação começou com uma denúncia de que frigoríficos e empresas de laticínios fiscalizadas pelo Mapa teriam sido favorecidas por meio do retardamento na tramitação e anulação de multas. O esquema seria chefiado pela ex-superintendente do ministério no Tocantins, Adriana Carla Feitosa, que comandava a fiscalização e recebia uma mesada das empresas, com a qual bancava despesas pessoais. Em sua conta bancária foi identificada, por meio da quebra de sigilo, uma diferença de mais de 200% em relação ao declarado no Imposto de Renda.

Estima-se que o esquema criminoso alvo da Lucas movimentou cerca de R$ 3 milhões entre 2010 a 2016. A Justiça Federal determinou o bloqueio de contas bancárias e a indisponibilidade de bens móveis e imóveis no valor de R$ 2,2 milhões. Os suspeitos devem responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa.

O nome Lucas se refere à passagem bíblica que diz “não peçais mais do que o que vos está ordenado”.

De acordo com o superintendente regional da PF no Tocantins, Arcelino Vieira Damasceno, estão sendo investigadas as seguintes empresas frigoríficas e de laticínios: Frango Norte, Laticínios Veneza, Santa Isabel Alimentos, Frigorífico Minerva, Master Boi, Laticínios Fortaleza e Laticínios Palac.

A operação não tem relação com a Carne Fraca, deflagrada em março para apurar uma esquema de fraude na fiscalização da produção de carne.